Topo

Menon

Gol de Raí. Vacilo de Dorival em entrevista desastrosa

Menon

02/02/2018 13h09

Cueva foi liberado e já pode ser escalado por Dorival Jr. Um gol de Raí, que tratou do assunto com firmeza, enfrentando uma certeza canalha que tomou conta do nosso futebol: "quando o jogador quer sair, ninguém segura". Uma atitude antiprofissional, que serve apenas ao jogador e ao empresário. O clube? Que se dane, aceite esse troco aqui e shut up. Quer sair e sai, mas nunca pelo valor da multa fixada anteriormente.

Raí foi firme. Vai ficar e, se treinar forte, e se mostrar dedicação, será escalado. Caso contrário, fica mofando aí. Logicamente, estas palavras não foram usadas, é uma interpretação minha. Ou seja, você quer sair, mas eu quero que você fique. Simplificando ainda mais. Você quer sair, mas eu quero que você cumpra o que assinou, cumpra a lei, tenha respeito ao clube.

Se Cueva jogar bem, garantirá seu posto de titular na seleção peruana. Se fizer uma boa Copa (e há boas condições de classificação para a segunda fase), haverá boas propostas. E então, talvez seja a hora de sair.

Um clube só pode ser grande se tiver respeito de seus jogadores. Um grande clube brasileiro não pode ser casa de repouso de jogador. Não é como morador de rua, que não tem obrigação alguma em ficar no abrigo que o recebeu.

Esta questão da grandeza do clube parece que não é bem entendida por Dorival Jr. Pelo menos, não na entrevista dada a Bruno Grossi, do UOL. Em dois pontos essenciais, ele parece viver em um mundo alternativo em que as condições ideais de trabalho estão presentes.

Primeiro, quando ele fala do tempo necessário para o São Paulo engrenar. Ele fala em 40, 45 de trabalho. Como os jogadores voltaram das férias em 3 de janeiro, teríamos então o dia 12 ou 17 de fevereiro como ideal. Ou seja, na oitava rodada, quando se completam dois terços do campeonato. Quando faltarem apenas cinco das 12 primeiras partidas. Quando o time fizer o segundo dos três clássicos.

Só a partir daí é que só pode esperar um time engrenado?

Dorival fala como se vivesse na Europa, como se dirigisse nas grandes ligas. "O prazo ideal, para qualquer outra equipe que joga em países em que os períodos são respeitados, o ideal é somar 40, 45 dias de trabalho". Tudo bem, mas ele dirige no Brasil. Então, não pode trabalhar com dados europeus. Se o ideal é 45 dias, como fica o possível? Ele está fazendo o possível? Por que outros clubes estão rendendo bem mais que o São Paulo? Dorival não pode embarcar na onda dos modernos, que tratam o Paulista como lixo, que dizem que não vale nada, que é pré-temporada e que o ano começa com o Brasileiro. Se pensar assim, se ficar esperando 45 dias para render, talvez nem veja o fruto do seu trabalho, que é sério, aparecer.

O segundo ponto é em relação à possibilidade de título. No ano passado, em entrevista a mim, foi taxativo. Disse que em 2018, o São Paulo lutaria por títulos. Agora, ele diz o seguinte sobre o tema Urgência por títulos no São Paulo: "Tudo acontecendo com calma, no momento certo, desde que tenhamos merecimento e continuemos trabalhando de maneira correta. É natural que seja muito importante e venha a coroar o trabalho que está sendo desenvolvido dentro do clube".

Entenderam? Vamos destrinchar?

O título virá no momento certo? (O que significa isso? Qual o momento certo para ser campeão? Não entendi).

Mas não é só isso

O título virá no momento certo, com calma, desde continuemos trabalhando de forma correta. (Por que ele não continuaria trabalhando de forma correta? Não é sua obrigação?)

Há mais uma condicionante.

Desde que tenhamos merecimento (Não entendi, sinceramente. Além de trabalhar de forma correta, além de ter calma, é preciso merecer para, assim, o título vir no momento certo? O que é merecer? Parece recomendação de pai para filho no final do ano. Se você for bom menino, se você não brigar, se você tiver calma e merecer, vai ganhar uma bicicleta, mas no momento certo?

E agora, o fecho de ouro.

É natural que seja muito importante e venha a coroar o trabalho que está sendo desenvolvido dentro do clube". (Olha, o trabalho é bom e o título será muito importante para coroar o que está sendo feito. Não, Dorival. O título é importante porque o clube não ganha nada faz tempo. E ninguém tem toda essa certeza de que o trabalho é bom);

Dorival está embarcando aqui no mantra dos modernos. O que vale é o desempenho e não o resultado. Como se fosse assim em algum lugar do mundo. Como se o futebol fosse regido pelos parnasianos (a arte pela arte).

Se eu pudesse dar um conselho, diria: Dorival, a régua para definir o trabalho é apresentar bons resultados dentro do tempo e das condições que lhe são dadas no país em que você trabalha. Terra Brasilis, Pindorama, Ilha de Santa Cruz, Terra de Santa Cruz, Morolândia, Brasil.

Aqui, você ganha em reais e dirige um gigante combalido. O seu discurso sobre prazos e calendários é muito correto e você é um dos poucos que enfrenta a CBF, mas não cabe aqui. Pode até falar em condições ideais, mas tem de enfrentar. Não pode falar que o time será campeão com calma, no momento certo desde que mereça. É muito pouco para o clube que você dirige

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.