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Menon

Onde anda a intensidade, Dorival?

Menon

08/02/2018 09h42

Noel Rosa, gênio da música popular brasileira, 19 em 1936, com apenas 25 anos e mais de 250 sambas escritos. Um deles, de 1933, há 85 anos, ironizava o dinheiro fácil. Onde anda a honestidade? era o nome da canção.

Você tem palacete reluzente
Tem jóias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança nem parente
Só anda de automóvel na cidade

E o povo já pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?

O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e até felicidade

Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente

E eu, que não sou Noel nem nada, que desafino até para tocar campainha, me pergunto, ao ver o São Paulo jogar: onde está a intensidade? O conceito tão atual, buscado por treinadores em trabalhos cotidianos.

O time fica com a ola. Contra o Bragantino, a posse foi de 64%. E chutou apenas oito vezes a gol, quatro delas no alvo. O rival acertou quatro no alvo e ainda finalizou mais seis vezes. Contra o Botafogo, a posse foi de 58%, com apenas dois chutes no alvo e mais oito fora dele. O adversário acertou sete no alvo e errou outras quatro.

É uma contradição enorme. O São Paulo controla o jogos, finaliza menos que Botafogo e Bragantino e ganha os dois jogos sem sofrer gols. Parabéns para Sidão. E lembranças de Noel. Onde está a intensidade?

Dorival está trabalhando a questão. Com a entrada de Reinaldo na esquerda, passou a haver mais profundidade por ali, com os pés ou até com o lateral jogado na área. Do outro lado, Militão marca muito bem, mas tem certa dificuldade para atacar.

Mas é no meio que o bicho pega. Ou não pega. Jucilei é o homem mais recuado e tem acertado ótimos passes, principalmente para Marcos Guilherme. Petros não tem ido bem como meia, deveria jogar mais recuado e conduzir a bola até os meias e não ser um deles. E ainda há Cueva e Nenê, revezando-se entre a esquerda e o meio. Na frente, Diego.

E, com eles, ou por eles, há uma lentidão enorme. A bola vai de um lado para outro, do outro lado para um lado e não há quem chegue chutando de fora ou rompendo as duas linhas defensivas.

Então, o time começa bem, faz um gol e depois sofre para não sofrer o empate. Foi assim com o Braga.

Então, o time começa mal, leva um sufoco, segura o empate e vence no segundo tempo. Foi assim com o Botafogo.

Se for assim até o final do ano, será campeão de tudo.

Mas não será, né?

É muita lentidão para 2018.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.