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Oswaldo e Gallo mudaram muito e censura é inaceitável

Menon

08/02/2018 14h28

Conheci o Oswaldo de Oliveira quando ele era auxiliar do Luxemburgo, no Corinthians, há 20 anos. Eu cobria o clube, pelo Lance!,  juntamente com o talentoso e criativo repórter Chico Silva. E ele, o Chico, fez uma matéria sobre o Oswaldo, falando sobre seu lado zen, hoje tão ausente. O treinador era fã de de Chet Baker, trompetista norte-americano. Alguns meses depois, em Atibaia, onde o time se preparava para um jogo ou um campeonato, não me lembro bem, após o almoço, Amaral, o volante, subiu ao palco e começou a cantar "O show tem que continuar", do Fundo de Quintal. Todo mundo cantava alto e Oswaldo se levantou da mesa. Pensei que haveria uma bronca na turma. Que nada! Ele sambou muito. E sambou bonito, com ginga.

Em 2015, ele estava no Palmeiras. E eu o notei com pouca paciência. Talvez tenha sido depois daquela discussão com o torcedor, que gostaria de ver Gabriel Jesus no time titular. Perguntei a Oswaldo o motivo da mudança. E ele me respondeu que havia trabalhado muitos anos no Japão, onde tudo funciona perfeitamente e que sentis dificuldades de adaptação.

Agora, voltemos a 2003. Estava na praia do Gonzaga, em Santos, e vi, em uma cadeira ao lado, o Gallo, que estava pensando em iniciar a carreira de treinador. Ele sempre me tratou bem, quando era jogador de Santos, São Paulo e Portuguesa, e me disse que tinha um caderno com mais de 70 tipos de treinamento. "Podia fazer uma matéria comigo, né". Lógico que podia. O assunto era interessante. Por quê não? Não seria um favor, a pauta se sustentava. Não saiu, não sei porquê.

Agora, a gente vê o Oswaldo totalmente fora de si, deixando uma entrevista para brigar com jornalista. E o Gallo, aquele que achava natural pedir uma entrevista, proibindo o mesmo jornalista de trabalhar. É triste ver as pessoas se desnudarem assim.

Oswaldo questionou o tipo de pergunta do repórter Leo Gomide. O seu entendimento é binário. Você pergunta e eu respondo. Não cabe a você fazer análise. Eu não concordo. O repórter tem todo o direito de fazer a pergunta que quiser, baseada em seus conceitos futebolísticos. E Oswaldo, repito o que sempre digo, tem todo o direito de não responder. Não precisava daquele ar alucinado.

Depois, Oswaldo perdeu a cabeça quando ouviu o repórter dizer, vamos lá, caralho. Leo diz que não disse. Oswaldo diz que disse. Mas, mesmo se houvesse dito, era um desabafo, fora do ar, já abandonando a entrevista. Não era uma ofensa. Não disse palhaço, não disse, sei lá, velho do caralho, nada disso. Nada justificaria a tentativa de briga.

Na televisão, um dia após o jogo, Oswaldo fala que, desde que chegou, foi avisado sobre o tipo de pergunta do repórter. Ora, está dando ao Leo Gomide um atestado de bom repórter. Bom repórter faz pergunta que incomoda. Sempre. Não é o entendimento de Gallo também, como se viu lá em 2003. Ele gostava de pedir uma matéria ao repórter. Não gosta de repórter que faz pergunta fora dos padrões normais definidos por eles.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.