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Menon

Botafogo aposta na paixão. Está certo

Menon

13/02/2018 13h27

O Botafogo precisa de dinheiro. Todo mundo precisa no futebol brasileiro. O Botafogo deixa de ganhar R$ 100 mil por não alugar o Estádio Nílton Santos para a final, entre Flamengo e Boavista. O Botafogo toma essa atitude em represália a uma brincadeira de um garoto de 18 anos em referência a um jogo de 2008.

Pensando assim, sob a ótica do profissionalismo, o Botafogo está errado. Por causa de uma comemoração de uma criança, perde dinheiro. E ainda assume que foi assim, em nota oficial.

Mas, há um outro lado. O Flamengo tem tudo para se firmar como hegemônico no futebol carioca. Não para sempre, é lógico, mas no período em que vivemos. Tem mais time, tem mais dinheiro, tem mais torcida. Não tem estádio.

O Botafogo tem. E, ao recusar-se a emprestá-lo, tenta se firmar como um rival. Busca se equiparar com Fluminense (FlaxFlu) e Vasco, como rival do Flamengo. Algo do tipo: "posso perder dinheiro, mas aqui, na minha casa, você não comemora". É antiprofissional? Com certeza. Mas eu acho maravilhoso.

E, se o jogo do chororô já tem dez anos, significa que a torcida esqueceu? Não esqueceu. Nunca esquecerá. É para sua torcida, para seu público interno que o Botafogo está jogando. O recado é claro, novamente. "Não esquecemos do jogo em que fomos roubados e nenhum dinheiro do mundo vale a pena o esquecimento". Nota, por favor, eu não disse que foi roubado. Entendam.

É lógico que essa atitude fica no vazio se não vier acompanhada com um plano – aí sim, totalmente profissional – de se recuperar o Botafogo. Apoiar Valentim, buscar bons jogadores e fazer campanhas que impeçam o cruzamento com o Flamengo na semifinal. Só foi assim porque o Botafogo ficou atrás do Boavista na primeira fase. E não se pode jogar dinheiro fora. Não falo dos R$ 100 mil do aluguel do estádio, mas sim da cota da  segunda fase da Copa do Brasil. O Botafogo não a terá por haver sido eliminado pela Aparecidense. Tudo fica mais fácil se a torcida estiver orgulhosa de seu clube. Sim, porque do time é impossível. E se ombrear com o Flamengo, negando-lhe a festa em meu quintal, é motivo de orgulho para a torcida.

PS – Je suis Tuiuti

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.