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Gustavo Galvão Villani estreia dia 12 na Globo

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05/03/2018 18h47

Gustavo Villani fará sua primeira aparição no SporTV, no "Bem, Amigos", de Galvão Bueno. Foi um pedido especial. De Galvão, e não dele. Será o segundo encontro mais emocionante entre eles. O primeiro foi em novembro, quando Gustavo, na Fox, e Galvão, na Globo estavam em Porto Alegre para a narração do jogo entre Grêmio e Barcelona de Guayaquil, pela semifinal da Libertadores.

"Fui na cabine da Globo e pedi para o Casão me apresentar o Galvão. Estava todo sem graça, falei que era fã dele e do Luciano do Valle, os dois maiores, comecei a gaguejar e ele então falou que tinha me indicado para a Globo".

Foi então que Villani, ainda mais assustado, viu que as reuniões informais que tivera com representantes da Globo nos últimos anos haviam mesmo prosperado. Eram conversas em cafés, quando ele respondia sobre sua situação na Fox, sobre suas ambições na profissão, nada de concreto.

E agora, com 36 anos, você chega na Globo, com fama de "novo Galvão". Você e o novo Galvão?

Não, eu sou Galvão desde que nasci. É meu primeiro sobrenome, eu me chamo Gustavo Galvão Villani. Mas, brincadeira a parte, não tem nada disso. A Globo tem ótimos narradores, gente muito competente e é um novo ciclo na minha carreira. Só isso.

Você vai narrar a Copa?

Vou narrar, mas aqui no Brasil. Minha meta é narrar a Olimpíada in loco. A Globo deseja que eu me transforme em um narrador multifacetado, presente em vários esportes, não só em futebol.

Quando você vai estrear?

Depois do Bem, Amigos, eu fico à disposição da programação, de todos os programas. Na narração, estreio no dia 14 de abril, na primeira rodada do Brasileiro. Até lá, vou fazer um tipo de imersão, acompanhando as narrações nas cabines para ir me acostumando.

Vai ser Globo ou SporTV?

Há um processo de interação sendo implantado, unindo Globo e SporTv. A ideia é fazer os dois juntos, mais o globoesporte.com

Como foi o convite?

Fui chamado para conversar com Joana Thimoteo e Raul Costa Jr, diretores da Globo. Então, fui procurar o Edu Zebini, da Fox, que é uma pessoa que sempre me ajudou. Ele já sabia. E disse para eu não ficar nervoso e explicar tudo direito. E as coisas se completaram bem. Meu contrato com a Fox é até agosto. O ideal seria eu cobrir a Copa na Fox e depois sair. Mas o Zebini me explicou que não seria interessante para eles. E também não sei se seria interessante para a Globo.

Você agora deve estar queimando a cabeça para criar novos bordões…

Não, nada disso. Os bordões chegam naturalmente. O Sergio Trivelato é um narrador do Rio e ele que criou o "camisa que entorta varal". Aí, usei um dia no jogo do São Paulo na Libertadores. O time estava muito mal, havia estreado com derrota em casa para o Strongest. Aí, reagiu e se classificou. Quando eu falei o bordão, teve uma reação imediata da torcida. Então, liguei para o Trivelato e pedi para usar porque havia sido um sucesso. Ele liberou e toquei em frente. Outro bordão que eu uso é "joga a luva, goleiro", quando tem gol de falta e ela é indefensável. Esse eu colhi em um grupo de whatsapp.

Como sua carreira começou?

Bem, minha mãe fala que eu fui um garoto que sempre teve um único brinquedo, a bola de futebol. Sempre gostei muito de futebol e botei na cabeça que ia trabalhar com isso. Minha família é de Marília. Quando avisei meu pai que queria ser jornalista para trabalhar em esporte, ele estranhou. Não disse que não tinha nenhum parente em São Paulo, onde faria a faculdade, para me orientar, mas todos apoiaram. Então, no primeiro ano da faculdade já comecei a trabalhar na A Gazeta Esportiva, mas percebi que meu ramo era outro mesmo. Então, meu pai me ajudou.

Como foi?

Ele é médico radiologista e tratou do pai do Eder Luiz. Explicou que eu gostaria de ser narrador e pegou o telefone do Eder. Fiquei seis meses telefonando até ele me atender. Então, me chamou para a Rádio Transamérica, mas sem pagar nada. Não tinha verba. E daí, fui em frente. Três meses depois, ele me contratou.

Como foi o caminho percorrido?

Fui para a rádio Globo, onde conheci o Oscar Ulisses, a quem eu devo muito. Eu era repórter. Logo, eu fui chamado para jogos principais, junto com o Oscar. Eu era o repórter juntamente com Romeu Cesar, o Fera.. Orgulho total. Depois, a Record montou uma equipe nova, com Paulo Roberto Martins no comando e eu fui. Lá, conheci o Edu Zebini, que me chamou para a TV Record, que iria cobrir a Copa da Alemanha. Eu era o repórter, junto com o Roberto Thomé. Era 2006, eu tinha 25 anos. Aí, tive uma decepção porque os bispos não queriam mais investir em eventos. Eu ficaria fazendo reportagens sem ira a campo, que é o que todo mundo gosta. Foi então, que as assessorias de imprensa começaram a podar muito o trabalho de repórter. O lateral estava contundido e a gente era obrigado a entrevista o meia. Eles que escolhiam. Precisava perguntar para o meia o que ele achava da contusão do lateral, tudo assim, de forma indireta. Foi ficando sem graça e resolvi parar.

Parar de trabalhar?

Nem tanto. Liguei para o meu pai, conversamos bastante e eu falei que gostaria ir para a Espanha fazer uma pós que durava um ano e meio. Seria bom para mim. Ele me ajudou e eu fui. Fiz matérias para o UOL, para a Placar e para a CBN. Então, começou a me picar a vontade de ser narrador. A pós era em duas etapas. Um ano e depois mais seis meses. Quando deu um ano, vim para o Brasil de férias e procurei a Marisa Tavares, que era diretora da CBN. Totalmente sem graça, falei que estava pensando em ser narrador. E ela apoiou na hora. Chamou o Oscar Ulisses, chefe da equipe de esportes. Ele foi na sala e ela disse o que eu estava pensando e perguntou a ele se eu conseguiria me transformar em um narrador em seis meses.

E o Oscar?

Falou que era impossível é lógico. Disse que ele estava narrando há mais de 30 anos e que ainda estava aprendendo, mas que eu deveria me esforçar muito. Que eu devia narrar dia e noite, tudo o que eu visse. E eu encarei. Na Espanha, eu ia nos jogos e ficava narrando no gravador. No começo, meu fôlego só aguentava 15 minutos. Aí, eu gravava e mandava para o Oscar. E perguntava o que ele achava. E ele respondia que estava muito ruim, mas que eu podia melhorar.

Você estreou em uma Copinha, não foi?

Sim, em 2009. Eu era o terceiro narrador, atrás do Oscar e do Silva Júnior, que é ótimo. Ele vai estourar na Fox, está melhorando muito. Fazia muito jogo da Portuguesa na Série B, muito jogo menor, nenhum clássico. Então, fui convidado para a rádio Estadão ESPN. Expliquei para o Oscar que seria uma oportunidade muito boa porque também teria opção de trabalhar na televisão. Na televisão, eu narrava jogos menores, mas na rádio, apesar do Amigão, do Cledi e o Everaldo estarem voando, sempre tinha jogo bom para eu fazer. Era uma equipe muito boa, tinha o Eduardo Affonso, ótimo repórter e grande amigo.

Depois, foi a Fox.

Sim, veio o convite e eu fui falar com o Trajano. Expliquei para ele que a Fox estava começando, tinha poucos narradores e uma grade muito boa e que seria ótimo para mim. Ele me desejou boa sorte, é um cara espetacular, e eu fui. Então, na Copa, o João Guilherme, outro grande amigo, narrava jogos do Brasil e eu os outros jogos. Como o Brasil foi eliminado pela Alemanha, fiz a final da Copa. Foi uma emoção espetacular.

E agora, no Globo, como você se sente?

Olha, eu sempre fui muito determinado. Sempre quis ser narrador e lutei para isso. Estudei, sempre estou atento a informação, o jogo para mim começa bem antes. Então, eu estou feliz porque estou em um grande momento.

Qual o maior narrador de todos?

O dia que vi o Galvão, gaguejei, o dia que falei com o Luciano me emocionei. Tá respondido, né?

Que time você torce?

Ah, eu não falo. Há uma onda tão forte de intolerância no Brasil que eu não me sinto pronto para falar.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.