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Casagrande e @delucca enfrentam o ódio

Menon

10/03/2018 11h03

Reprodução/SporTV

Casagrande deu um depoimento sobre o ódio em mídias sociais. Em resumo disse que, quando dá uma opinião sobre qualquer assunto é contestado com lembranças sobre sua condição de dependente químico. "Me chamam de drogado, de viciado em cocaína etc. Se soubessem como eu luto para não usar drogas novamente"…

Eu me lembrei dos tempos de criança, jogando bola descalço, na rua de terra. A molecada brigava por tudo. Prensada é da defesa, dois num não pode, foi falta, não foi, lateral, não foi, tudo, tudo era motivo de briga e xingamento. Mas, nunca, jamais, em hipótese alguma, um moleque xingava a mãe de outro.

Mãe era sagrado. Mãe era o limite. Entre nós, na nossa rua.

Quando o jogo era com outra rua, não havia limite. E havia duas respostas maravilhosas.

Filho da p…

Filho da p… é leque leque, sua mãe pulou o muro pra dar pro moleque

Filho da p…

Olha, não põe minha mãe no meio para eu não por no meio da sua mãe.

Era assim, disso não passava. Tínhamos um código não escrito.

Na Internet, não tem nada assim. Nenhum limite. As pessoas não têm a menor vontade de não humilhar, não ofender e não magoar. Buscam o que consideram o seu ponto fraco e lá enfiam a lança.

Um exemplo. Uma das primeiras pessoas que bloqueei no twitter havia se referido a Gustavo Oliveira, então diretor de futebol do São Paulo, como "filho do bêbado". Sim, era a maneira como se referia a Sócrates, um dos gênios do futebol.

Toda essa agressividade desumana vem em nome de um amor mentiroso: o amor ao seu clube. Duvido que seja verdadeiro. Acredito que a pessoa que tem esse tipo de comportamento doentio, sem empatia, grosseiro e que busca ferir, não está fazendo isso por amor a alguma coisa. É apenas um doente ético em busca de um motivo para colocar em prática sua deformação moral.

Casagrande fez seu depoimento em apoio a William de Lucca, torcedor palmeirense. Gay, ele reclamou de gritos homofóbicos de sua torcida contra os são-paulinos. Chamar de bambi é homofobia, é a tese de de Lucca. E muitos palmeirenses, para provar que não é homofobia, passaram a responder a ele com…homofobia em estado puro. Recebeu até ameaça de morte.

Uma pessoa diz que a torcida de seu time está sendo homofóbica contra torcedores de seu time. E é ameaçado de morte pelos torcedores de seu time. Não sou homofóbico e para provar isso, vou te matar.

É ou não é um mundo doente?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.