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Tabárez muda conceitos seculares e prepara Uruguai 2.0 para o Mundial

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23/03/2018 11h37

Sai Matias Vecino.

Entra Lucas Torreira.

A substituição, aos 32 minutos do segundo tempo, quando o Uruguai já vencia a República Tcheca por 2 x 0 soou como música aos ouvidos dos torcedores uruguaios que acompanham a cada semana o bom desempenho do pequenino e frágil (1,68m) jogador de 22 anos da Sampdoria. Sua entrada no lugar do alto e forte (1,91m) jogador da Internazionale mostra que a mudança no estilo uruguaio imposto por Tabarez não tem volta.

A mudança começou com o próprio Vecino, que estreou em 25 de março de 2016, no empate de 2 x 2 contra o Brasil, formando um meio campo com Carlos Sanchez, Arévalo Rios e Christian Cebolla Rodriguez. Hoje, ele é o único titular. Arévalo não é mais chamado. Sanchez e Rodríguez são reservas e entraram contra a República Tcheca. Seus companheiros contra a República Tcheca foram Nahitan Nandez (22 anos), Rodrigo Betancourt (21) e Arrascaeta (23). Federico Valverde, 19 anos também está na seleção.

Não é um cambio geracional, comum em muitos países do mundo. Se fosse apenas isso, já seria um avanço, considerando-se que o Uruguai pré-Tabarez sempre apostou em jogadores veteranos. Mas é muito mais. Tabarez mudou o estilo de jogo da seleção. Basta lembrar que em 2010 o time jogava com os incansáveis Arévalo Rios e Russo Pérez. Era como uma entidade, do tipo Xavi-Iniesta, com toda a diferença entre jogadores extremamente técnicos e outros dois, marcados pelo suor como característica maior.

No popular, Perez e principalmente Arévalo Ríos são jogadores que colocam a bunda no chão. Jogam deitados. Entrega, carrinho e, quando precisa, por que não?, porrada. Foram fundamentais na campanha que levou o Uruguai ao quarto lugar. Walter Gargano, com pouco mais de toque e a mesma luta, formava um trio que marcou época. Ainda sonhava com a Copa de 2018, mas uma contusão na última semana tirou suas últimas possibilidades.

O bom trabalho nas categorias de base (Uruguai é vice-campeão mundial sub-20 em 2013 e terceiro colocado em 2017) foi revelando novos jogadores de meio-campo, com mais toque, com chegada ao gol, volantes mais modernos, capazes de exercer mais de uma função. E Tabárez foi mudando o time. A classificação para o Mundial foi praticamente assegurada com uma vitória em Assunção, com vitória por 2 x 1 e gol de Valverde, com 19 anos recém completados. Antes de estrear na seleção principal, Valverde tinha 20 gols em 60 jogos pelas seleções de base, onde joga desde 2012, com 13 anos.

Valverde foi para o Real Madrid B e está emprestado ao La Corunã. Rodrigo Betancourt foi do Boca para a Juventus. Nández foi do Peñarol, onde estreou com 14 anos, para o Boca. Arrascaeta é destaque no Cruzeiro. Mudaram o estilo uruguaio.

As mudanças não param por aí. Alvaro Pereira, famoso pela raça e, sejamos sinceros, uma boa dose de violência, é passado. A lateral é de Gastón Silva, do Independiente, muito mais técnico. Martín Cáceres está contundido. E Diego Laxalt, que também joga no meio campo está sendo usado por ali. Guillermo Varela se firma como o substituto do interminável Maxi Pereira na direita. E Maxi Gomez aparece, aos 22 anos, como o futuro substituto de Cavani ou Suárez.

O Uruguai se move. Está mais novo e melhor.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.