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Lugano está certo. Fair play é uma bobagem

Menon

30/03/2018 13h03

Uma partida de futebol não é um evento social. Não é baile de debutantes, não é posse do diretor cultural do Rotary ou do Lions, não é chá das cinco. É o esporte mais apaixonante do mundo, o esporte em que as rivalidades afloram muito, é o esporte que destroi casamentos e faz grupo de whatsapp familiar virar pó. Por isso, fair play no futebol é uma bobagem. Por isso, Lugano estava certo ao não querer receber Carille no vestiário do São Paulo.

Relembremos um pouco. No domingo, Carille sentiu-se ofendido porque não foi cumprimentado por Diego Aguirre no Morumbi. Disse que o treinador do São Paulo era cara de pau. Foi um ESTRANHO MIMIMI que, apoiado por repórteres polemiquinhos, criou um clima ruim para o segundo jogo. Nota, Fábio Carille É DO BEM E NÃO PREMEDITOU NADA.

Chegamos ao segundo jogo e Carille foi recebido no vestiário do São Paulo, onde trocou presentes e escalações com Aguirre. Lugano foi contra. Na visão do uruguaio, já havia um clima ruim, criado, na visão dele, premeditadamente por Carille e nada justificaria confraternizações.

Lugano está certo. Ninguém deseja guerra, mas é muita etiqueta para um jogo de futebol. Muita. Te dou minha escalação e você me dá a sua. A minha vem com fotos, a sua não vem. Eu te dou uma flâmula e recebo um livro do Daniel Augusto Jr. Sinceramente, tudo isso faz o futebol perder, é uma afronta às torcidas, que gostam mesmo é de rivalidade.

Agora, na final, Roger e Carille dão entrevistas juntos. Um deu carona ao outro. E daí? No dia 8 de abril, á noite, o campeão vai jantar com o derrotado? Quem paga a conta? É muita Suécia para meu gosto.

Fariam muito melhor, treinadores e dirigentes se lutassem contra a demagógica e antipopular ideia de torcida única.

Também não gosto de fair play na hora do jogo. O time está ganhando e um jogador cai na defesa do adversário. Em vez de contra-ataque, ele tem de chutar a bola para fora para esperar o caído se restabelecer, tomar seus sais e voltar ao campo. E quem garante que não era mentira? Ora, essa é fácil. Quem tem de decidir se era mentira e se era necessário parar o jogo é SUA EXCELÊNCIA, O ÁRBITRO. Sim, aquele ser acima de todas as suspeitas, que ganha uma bela grana por jogo e que nunca pode ser contestado. Ele que decida e que assuma as consequências de seus erros e acertos.

O Brasil vive dias estranhos. Pessoas de bem atacam quem está saindo de uma exposição de arte no MASP e exigem faiplay em um jogo de futebol, com 22 marmanjos escalados para representar a paixão de milhões.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.