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Menon

Carille errou com Pedrinho

Menon

11/05/2018 12h03

No  Brasil – não sei se no mundo todo – há uma supervalorização do treinador. Busca-se em suas atitudes as explicações para tudo no futebol. O jogo Palmeiras x Atlético-PR foi resumido a um embate entre Roger x Fernando Diniz. E todos, inclusive o treinador do Palmeiras, comentavam como é difícil vencer um time de Fernando Diniz. Mesmo que, nos três jogos anteriores o Furacão tivesse empatado com Bahia, Grêmio e São Paulo e, em seguida, perdido para o Newell´s Old Boys.

Os clubes passam a ser um apêndice do treinador. É um tal de São Paulo de Aguirre, Cruzeiro de Mano, Grêmio de Renato… Muito diferente de se dizer o Barcelona de Guardiola, esse sim, um trabalho extremamente autoral e que marcou época.

É quase um sacrilégio dizer que o treinador errou. E, oh verdade acaciana, eles erram sim. Como todo ser humano, eles erram. Como todos profissionais, eles erram. Mesmo sendo ótimos treinadores. Nem vou falar de Tite, onipresente. Nem dá para ir no cinema, o Tite aparece mais que os coadjuvantes dos filmes, em comerciais que reverberam suas frases de autoajuda, suas obviedades ditas no tom pastoral de sempre.

Vamos falar de Carille. Um ótimo treinador. O cara ganhou três título em um ano e meio. A cada rodada, dizia-se que o Corinthians iria fraquejar e lá estava o time surpreendendo. Ganhou o Paulista, o Brasileiro e o Paulista novamente. Perdeu Jô, seu principal jogador e só recebeu Roger um semestre depois. Não reclamou, deu seus pulos, encontrou soluções e foi campeão.

Mesmo assim, errou. Errou na avaliação de Pedrinho. O garoto, rápido e habilidoso, pedia passagem. E Carille garantia que ele não aguentaria mais que vinte minutos. Que era importante para entrar no segundo tempo e mudar o jogo. Mas, que garoto de 20 anos não aguenta mais que 20, 25 minutos? Ora, somente se tiver algum problema físico, alimentar, alguma doença do sono. Mas Carille batia o pé em sua tese. E muita gente correu a sustentá-la.

É a fisiologia, estúpido.

Tem muitos estudos, muitos dados, muitas análises e não dá para jogar mais que 20 minutos.

Olha, se desse para jogar mais que 20 minutos, o Carille saberia. Ou ele não escalaria o garoto por qual motivo?

Sei lá. Talvez pelo mesmo motivo que ele recomendou a contratação de Kazim.

Qual motivo?

Carille também pode errar.

E jornalista pode pensar de forma diferente do treinador.

Bem, o Corinthians vai mal e de repente…..tchan tchan tchan… Pedrinho já aguenta 70 minutos. Vai bem contra o Ceará. E vai melhor ainda contra o Vitória.

Ora, mas que milagre foi esse. A fisiologia foi trabalhando, os preparadores físicos puseram sua sapiência em ação e os estudos, as análises e os estudos de uma hora para outra, apresentaram uma inclinação incrível nos gráfios. A curva embicou para cima. E os 20 minutos se transformaram em 70, com tendência de alta.

Pode ser isso. Ou pode ser que Carille tenha feito uma avaliação errada. Como Oswaldo errou com Gabriel Jesus, como Dunga errou com Neymar, como Feola errou com Edu, como Menotti errou com Diego Armando. Um erro comum.

Um erro que não muda o grande trabalho de Carille.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.