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Sidão é fruto de mau planejamento. Não é cisne e não será feliz para sempre

Menon

05/06/2018 10h17

As fábulas são nossas conhecidas desde a infância até a velhice, quando passamos a filhos e netos o que nos contaram pais e avós. Muitas trazem histórias de redenção. Um patinho feio, sempre maltratado pelos amiguinhos se transforma em um cisne. Tristemente, percebemos que o bulling já existia há séculos. E, em muitas outras histórias, a segunda chance é conservadora: uma princesa que sofre na mão de irmãs e madrastas e que vive feliz após o casamento. Felizes para sempre.

Sidão é um cara sofrido. Nada foi fácil para ele. Não começou na base de um time grande, não teve seu nome chamado quando no banco de reservas. Nada. Teve que batalhar muito. Comeu grama por aí. Chegou a desistir da carreira. A vida começou a melhorar em 2013, quando já tinha 31 anos e chegou ao Audax. Sempre na reserva de Felipe Alves, ganhou a posição em 2016 quando o titular se contundiu. Fez um bom campeonato paulista e foi para o Botafogo do Rio. E, novamente, a sorte esteve a seu lado. Jefferson também teve uma contusão e ele foi titular. Sorte, apenas, não. Foi competência também.

Então, entrou em cena, na sua vida, uma série de erros de planejamento do São Paulo. Em 2015, Rogério Ceni se aposentou. O clube resolveu apostar em Denis, o eterno reserva. Não deu certo. Renan Ribeiro teve algumas chances e não deu certo. Tomou-se então a decisão de trazer um goleiro.

Todos esperavam um nome definitivo. Um goleiro com fama, com currículo, alguém que vestisse a camisa e mostrasse que o gol estava bem defendido, como nos últimos 30 anos, com Gilmar, Zetti e Ceni. E, com orientação do próprio Ceni, agora técnico, veio Sidão. Dizem que é bom na reposição da bola, que tem qualidade com os pés.

É o fim da fábula, mas com um final não tão feliz. Sidão deu a volta por cima, mas não será um cisne. Sidão se casou com um time grande, mas não será feliz para sempre. É apenas um casamento conturbado porque ele não está à altura de seu parceiro.

A Série A do Brasileiro tem 20 clubes e Sidão não está entre os dez melhores goleiros. Cássio, Vanderlei, Jaílson, Prass, Weverton, Grohe, Fábio, Vítor, Diego Alves e Jefferson são melhores. Assim, sem pensar muito, citei alguns nomes. Nove ou dez, não interessa. Ele não está na primeira linha. Não é goleiro para uma camisa tão importante.

E o erro de planejamento continua. O São Paulo trouxe Jean, goleiro jovem, com apenas um bom campeonato na carreira. Teve algumas chances e falhou feio contra o São Caetano. Me parece deslumbrado, prometendo cobrar faltas e tendo uma atitude de confronto por não haver gostado de um post de Sidão no Instagram.

Não vejo Sidão sofrendo frangos ridículos. Também não o vejo fazendo defesas salvadoras, incríveis. É um goleiro bom. Médio? Não sei, mas sei que não é goleiro para um clube gigante. E ainda tem contrato até 2019.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.