Topo

Menon

Mococa, é claro!!!

Menon

09/06/2018 10h49

Meu querido primo Mauro Bacci me avisou, logo pela manhã, que seu irmão, o também querido João Bacci, legista, havia atendido na noite de ontem um acidente na SP 340. (Mauro é parmera e João, santista. O velho Percival era um democrata). Choque de um carro com um caminhão. O motorista do caminhão fugiu. O do carro, morreu. Gilmar Justino Dias. Ninguém conhece. O Mococa. Pouca gente conhece.

Era um volante voluntarioso, marcador excelente e que fez sucesso no Palmeiras dirigido por Tele no final dos anos 70 e início dos 80. Em 1979, o Palmeiras goleou o Flamengo, no Maracanã, por 4 x 1 e ele fez uma partida notável, marcando os craques adversários e permitindo que os do Palmeiras, principalmente Jorge Mendonça, brilhassem.

Como conta o amigo Márcio Trevisan no SENHOR PALMEIRAS , a euforia tomou conta da torcida. O título brasileiro era questão de tempos. Mas, antes, era preciso vencer o Internacional, de Mauro Galvão e dele, Falcão. O time estava invicto, com 14 vitórias e cinco empates. Falcão seria marcado por Mococa, então com 21 anos, revelação da base e cogitado pela imprensa paulista para a seleção.

Roberto Avallone, sempre genial, estampou, então, no Jornal da Tarde a seguinte manchete:

MOCOCA OU FALCÃO?

Falcão fez dois gols e quase o terceiro, de bicicleta. O Inter venceu por 3 x 2 e deslanchou para o título.

No dia seguinte, Avallone titulou no Jornal da Tarde.

FALCÃO, É CLARO.

O Inter foi campeão e Mococa ficou marcado pela derrota no desigual combate, quando Golias venceu Davi.

O futebol mundial tem muito mais mococas do que falcões. Os gênios são poucos. Mas o suor também tem valor. Mococa foi um trabalhador honesto, um jogador dedicado e, por pouco tempo, foi ídolo de uma torcida fanática. Tudo passou, mas continuou sendo reconhecido e amado em sua cidade, cujo nome levou ao Brasil todo.

A Prefeitura decretou luto oficial por três dias pela morte de Gilmar Justino Dias, o Mococa, que ficará para sempre incrustado na ternura e na sinceridade no nosso cantinho da saudade.

E viva Fiori Gigliotti, morto há 12 anos.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.