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Menon

Blindados. Mimados. Eliminados

Menon

06/07/2018 17h09

O Brasil está eliminado. Uma dor que vai acabar em três ou quatro dias. Quem volta para casa é um grupo de jogadores que não causa simpatia à torcida. E que não demonstra muita simpatia com quem torce. Não há sinergia. Não há uma dramaticidade uruguaia, país que realmente acredita que a seleção é a Pátria em campo.

O Brasil foi o único país que não fez um jogo de despedida. Uma tentativa de aproximação com a torcida. Ingressos caros para os ricos, um quilo de alimento para os pobres, tudo doado a alguma instituição de caridade. O Uruguai se despediu contra o Uzbequistão, com o Centenário lotado. O Peru se despediu em casa, em clima de comoção com a absolvição de Guerrero. A Argentina fez treino aberto, com crianças se aproximando de Messi.

A blindagem continuou. Na Rússia, em alguns hotéis, havia gente esperando e a seleção entrava por trás. Uma pergunta simples a Neymar, relacionada a Osorio, foi matada no peito por Tite. O garoto não podia se expor, não podia falar. Garoto de 26 anos, diga-se. Não foi só isso. Tite disse claramente que havia orientado os jogadores a não reclamar de arbitragem. Que havia gente mais qualificada para isso. E o rodízio de capitães? Qual o sentido disso? Ninguém pode assumir uma responsabilidade, tudo deve ser dividido. Não se pode ter protagonismo. Um time de escoteiros.

Um time mimado. Paulinho deu uma entrevista bélica contra os jornalistas após fazer um gol na Costa Rica. Como em 94, como em 2002, a imprensa é tratada como inimiga. E olha, que a grande maioria sonha em ser amiga, sonha com um afago. Não se dá entrevista a um jornalista, se dá entrevista contra a imprensa.

E Neymar? Entra na Copa para ser o melhor do mundo e sai como a cara da trapaça. O mundo inteiro ironiza e tripudia sobre sua maneira antiesportiva de jogar, fingindo, fingindo e fingindo, como se fosse uma inspiração de Fernando Pessoa. Sofreu muitas faltas, mas fingiu tanto que Layiun nem recebeu cartão após um pisão criminoso.

Eles vão para seus clubes, pensando em como a perda da Copa foi um tropeço na carreira. Não pensam na torcida, não há empatia, não há nada.

E os torcedores ficarão tristes mais uns dias.

E voltarão ao seu verdadeiro amor. Estarão preocupados em quem substituirá Vincius Jr, Borja, Balbuena e como Joao Rojas joga.

Os blindados e mimados estão eliminados.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.