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França escancarou a pobreza uruguaia

Menon

06/07/2018 13h36

A seleção uruguaia volta para casa após a derrota por 2 x 0 para a França. Volta com dignidade, caindo nas quartas e quebrando recordes "pessoais", mas o último jogo escancarou falências técnicas que os 12 anos de Oscar Tabarez não conseguiram sanar.

A maior delas é a transição defesa-ataque. Dos ótimos Gimenez e Godín para os ótimos Cavani e Suárez. E como Cavani não jogou, fica ainda mais difícil. E tome ligação direta. E tome bola alta para a casquinha de Suárez para Cavani. Ou de Cavani para Suárez.

Tabarez tem tentado. Com Lodeiro em 2010, com Arrascaeta em 2018, mas sempre termina dependendo de Christian Rodríguez, o Cebolla de muita luta e pouca bola. Pouca em nível internacional, diga-se.

Havia a esperança que o meio-campo renovado, surgido pós Eliminatórias resolvesse. São bons jogadores, principalmente Torreira, o mais recuado, mas Betancourt foi mal na frente. Cabia a ele alimentar os matadores, formar um tridente com Cavani e Suárez, mas não deu certo. Arrascaeta, também não. Sanchez é homem de bola parada. Nández foi um auxilidar de Cáceres e Vecino não brilhou.

De todos os novos, o melhor foi Laxalt, que marcou e apoiou bem pela esquerda. E mandou Cáceres para a direita.

Com problema tão grave no meio, o Uruguai jogou a Copa no limite do erro. Ganhou do Egito no último minuto, ganhou da Arábia Saudita sem brilhar e jogou bem contra Portugal e Rússia. Em todas vitórias, marcou primeiro e não precisou sair.

Contra a França, não teve Cavani. Perda imensa. Não teve transição. E seu goleiro levou um frangaço. O que não é incomum.

O período Tabarez é pródigo em superações. A seleção chegou a três copas seguidas, foi às quartas duas vezes, ganhou uma Copa América, Suárez, Cavani, Forlán e Loco Abreu tornaram-se os maiores artilheiros da Celeste, Maxi Pereira chegou a 125 jogos na seleção, Muslera superou Rodolfo Rodríguez em participações com a Celeste e a Mazurkievicks em jogos de Copa, foram quatro vitórias seguidas na Rússia, houve também a entrega de sempre, mas ficou claro: a qualidade do meio-campo é ruim.

Tudo tem jeito de fim de ciclo. Os matadores terão 35 anos no Catar. Os reservas de Muslera não passam confiança, Cáceres e Godín já passaram dos 30, Cebolla também e não se sabe se o Maestro terá capacidade física para comandar um novo ciclo.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.