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O drama de Son Heung-Min, vítima de uma Coreia militarizada

Menon

17/07/2018 16h05

Através do twitter de Leonardo Bertozzi (@lbertozzi), fiquei atualizado sobre o drama do sul-coreano Son Heung-Min, jogador do Tottenhan. Ele foi convocado pela confederação coreana para os Jogos Asiáticos, em agosto, nas cidades de Jacarta e Palembang, ambas na Indonésia. O Tottenham não tem obrigação alguma de liberá-lo. E o clube inglês tem outros problemas para o início do campeonato inglês, pois até nove jogadores do clube chegaram à fase final da Copa e terão férias. Fica difícil dispensar o talentoso e maior destaque da seleção coreana.

Mas, que importância tem os Jogos Asiáticos? Para a Coreia, é a possibilidade de manter o título conquistado há quatro anos. Para Son, a última possibilidade de ser dispensado do serviço militar que dura 21 meses. A penúltima chance foi perdida quando a Coreia foi eliminada na primeira fase da Copa. Se chegasse à segunda, a dispensa viria.

O serviço militar coreano deve ser completado até os 28 anos de idade. E Son vive um drama.

Se o Tottenham não permitir que participe dos Jogos Asiáticos, ele terá duas opções: 1) cumprir pena por não servir à Pátria, 2) terá de deixar a Europa e voltar à Coreia para cumprir o serviço militar, o que significará uma interrupção enorme em sua carreira. Talvez até o fim dela.

Ele pode também desertar da Coreia, o que significaria a impossibilidade de voltar a seu país. Para sempre.

Tudo parece uma imbecilidade muito grande. Son poderia ser usado pelo governo da Coreia para campanhas publicitárias envolvendo causas civis, coisas como o amor à Pátria, a necessidade de reciclar lixo, a importância da união de todos os habitantes do país, a necessidade de pagamento de impostos, o recadastramento eleitoral…

Mas as Coreias não podem se dar a um luxo assim. Apesar das tentativas de reaproximação, que podem levar até a um time unido na Olimpíada de 2020, a tensão sempre existirá. A guerra entre os dois países durou de 1950 a 1953, mas a paz nunca foi oficialmente assinada.

E por conta da guerra, uma carreira futebolística está prestes a terminar. E fica difícil dispensar Son do serviço militar, quando todos os outros coreanos dão dois meses de sua vida a essa prática.

É a lógica militarista de quem vive em guerra latente.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.