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Menon

São Paulo não deve pensar em Militão

Menon

24/07/2018 11h22

O futebol é um esporte tão apaixonante que criou vários novos tipos de torcedores. Tem gente se engalfinhando para dizer que meu patrocínio é melhor que o seu, que meu diretor de futebol é mais importante, que o gerente de meu time tem mais títulos que o seu, que as esteiras de ginástica de meu clube são de última geração….

Outros dois tipos são os seguintes: torcedores que se preocupam com o bem estar de jogadores e o que se dá muita importância, como se fosse dono do clube. Os primeiros argumentam que "é preciso pensar no que o jogador deseja, se ele quer sair, o clube não tem direito de atrapalhar sua carreira". E os outros, falam no plural: "temos um centroavante, mas precisamos vender para arrecadar dinheiro, temos isso e temos aquilo".

Na negociação com Militão, que vai ter seu final em uma semana, no máximo, o São Paulo não pode pensar nesse tipo de torcedor. Não pode se influenciar.

O clube tem tentado reformar o contrato de Militão há  mais de uma no. Muitas ofertas foram feitas, uma melhor do que a outra. Militão rejeitou todas. O que é seu direito. Se não reformar contrato, sua saída para a Europa fica muito mais fácil. O dinheiro que o Porto pagaria ao São Paulo, pagará a ele. E a seus empresários. Ele negociou bem, pensou em sua carreira apenas e chegou a hora de colher os frutos.

Agora, faltando seis meses para seu plano chegar à conclusão, o Porto acena com a possibilidade de levá-lo antes.  E oferece uma compensação financeira ao clube. E Militão pede para sair.

Militão não pode pedir nada. Ele fez seu jogo. Com todo o direito, repito.

Agora, ele se cala e espera o São Paulo resolver. O São Paulo é que tem as cartas na mão.

A decisão é dele. Exclusivamente dele.

Fico com o jogador até o final do Brasileiro e da sul-americana ou recebo um dinheiro agora para liberá-lo.

Não tem de dar ouvidos à lamentações sobre o futuro do coitadinho do Militão e nem às preocupações dos torcedores que já falam "se não vendermos agora, ficaremos sem nada"? Ficaremos, quem, cara pálida.

O que o São Paulo precisa levar em conta é que:

Militão é o melhor lateral do futebol brasileiro. É o melhor marcador. Permite que o time troque de esquema sem trocar jogador. Com ele, a linha de quatro se transforma em linha de cinco.

Não há substituto no elenco.

Bruno Peres? Tem um estilo muito diferente, mais parecido com Régis do que com Militão.

Araruna? Não há termos de comparação.

Não há ninguém na base com condições de assumir. A base sempre é citada como a panaceia que resolve tudo. E não é assim. Tuta ou Caio servem, por enquanto, apenas para compor elenco.

E, se fosse fácil repor um lateral, o São Paulo não teria sofrido tanto na posição, desde a primeira a saída de Cicinho. Nos últimos 15 anos, apenas ele e Ilsinho mostraram futebol à altura das necessidades do clube.

Ah, mas se Militão não sair agora, vai fazer corpo mole, vai criar clima ruim no elenco…. Então, o jogador é mau caráter? Então, os outros seriam influenciados por ele? Então, o clube deve assumir que é refém de empresário e de jogador de 20 anos de idade?

E o dinheiro?

O mais importante é manter uma porcentagem do jogador. 15% correspondem a um aporte futuro, dentro de um ou dois anos, de 4,5 milhões de euros. Militão pode ser vendido pelo Porto a uma liga mais forte por 30 milhões de euros. Não é um absurdo.

Então, se receber 4 milhões agora, com a possibilidade de mais 4 milhões em um ano, seria o mesmo que o São Paulo conseguiu por Cueva. Não é pouco. E ainda pode receber bônus por produtividade. E a taxa de clube formador.

São números a serem analisados.

Com frieza e sem emoção.

Pensando no clube e não em Militão.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.