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Romero é vítima de racismo

Menon

02/08/2018 11h41

Romero é um jogador em evolução. Não apenas pelos sete gols em cinco jogos, 70% da artilharia do clube no pós Copa. Os gols foram a explosão decorrente da melhora do jogador. Romero era marcador de lateral. Ajudante de Fagner, apesar de incomodar também no ataque, sempre pela direita. Hoje, Fagner é seu assessor. E ele não fica mais por lá, corre por todo o campo. Está na esquerda também. E tem se revelado um falso nove utilíssimo, capaz de assumir algumas tarefas de Rodriguinho.

Aonde a evolução o levará? Com certeza, não será à Europa. Bem, sempre há uma liga menor para acolher alguém com seu talento, mas me parece impossível chegar às grandes ligas. Isso é coisa para Pedrinho. A evolução de Romero o levará ao fundo do coração corintiano. Lá, ele já está. Como diz o amigo Moacyr "engenheiro Pinduca", corintiano tem uma certa admiração por Sócrates e Rivellino, mas gosta mesmo é de Zé Maria, Biro Biro e Romero.

A evolução de Romero é impressionante e invisível para muita gente. Não enxergam por dever clubístico mas também por preconceitos enraizados. Paraguaio bom é zagueiro, como Reyes, Gamarra e Balbuena. Paraguaio é falsificado. Paraguaio é sinônimo de coisa falsa. Paraguaio não pode ser bom. Uma atitude ridícula. Afinal, se o Paraguai foi colônia da Espanha, nós fomos colônia de Portugal. O último país da América a acabar com a escravidão. Ainda há dementes que não acreditam que tenha havido escravidão.

Pode-se dizer que a desconfiança em relação a Romero não tem a ver com xenofobia Afinal, qual foi o grande atacante paraguaio? Cardozo? Santa Cruz? Arsenio Erico? É um bom argumento, mas se Romero fosse nascido na Letônia ou no Tijiquistão ou em Ilhas Fiji, seria saudade com fé e entusiasmo. Mas, ele é apenas paraguaio, nasceu naquele país do ditador Solano López, que nós tivemos a obrigação de massacrar. Nem interessa se a vitória foi conseguida com ajuda de Argentina e Uruguai. E, se matamos crianças, foi culpa de quem deu armas para elas. Ninguém mandou ficar na frente de nosso iluminado conde Deu, corajoso marido da Princesa Isabel.

Como disse o Mauro Cezar Pereira, no Linha de Passe, só falta alguém chegar e dizer: "o Romero é tão bom que nem parece paraguaio". Ou algum outro cretino dizer: "não tenho racismo contra paraguaio, eu até vibrei com um gol do Romero"

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.