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Tite precisa fazer uma estátua para Felipão e outra para Dunga

Menon

10/08/2018 17h52

Na próxima semana, Tite fará a primeira convocação da seleção brasileira em seu novo ciclo como treinador. Se tudo correr bem, ele terá ficado seis anos à frente da seleção. Se tudo correr melhor ainda, talvez emplaque um terceiro ciclo, indo para uma década no comando do futebol brasileiro. E a sua mianutenção é aplaudida pela grande maioria da população, com entusiasmo. E uma outra parte, sem entusiasmo. Uma aceitação totalmente inexplicável quando se olha para o trabalho de Tite durante o Mundial da Rússia.

Um empate morno contra a Suíça.

Uma vitória sofrida contra a Costa Rica.

Uma boa vitória contra a Sérvia.

Vitória contra o México, após um sufoco inicial.

Derrota contra a Bélgica.

A seleção ficou em sexto lugar. A mesma classificação de Dunga em 2010. Pior do que Scolari em 2014.

Mas, se a seleção foi mal, Tite foi bem.

Não foi.

Pensemos no embate tático de Tite com outros treinadores. Foi amplamente derrotado por Martinez, da Bélgica. Ele mudou seu time, que havia sofrido contra o Japão, e Tite não teve reação alguma no primeiro tempo. No segundo, equilibrou as coisas. Contra o México, Tite foi surpreendido por Osorio, que colocou o time no ataque. Surpreendido, não. Osorio havia avisado. Se o México fizesse um gol….

Tite errou muito mais.

Levou Fred à Copa, sem condição de jogo. Clinicamente falando.

Levou Taison, sem condição de jogo. Tecnicamente falando.

E não soube lidar com Neymar. Após dois anos juntos, é impossível dizer que Neymar melhorou como jogador. Tatica, técnica e emocionalmente. Tite fez dele um protegido, alguém sofrido e perseguido. Falhou como gestor de pessoas, o que é considerado algo imprescindível hoje.

Quando digo que Tite não deveria continuar como treinado do Brasil, a resposta é a seguinte: "quem é melhor do que ele?"

Provavelmente, nenhum. Mas, quantos piores do que ele, fariam um trabalho melhor do que ele? Cinco ou seis.

Há três fatores que ajudam Tite a ter uma avaliação positiva.

O jeito professoral, baseado em midia training e o uso de termos vindos da universidade, que lhe dão uma aura de intelectual, contra o jeito meio bronco e simplório dos dois últimos antecessores.

O medo causado pelo 7 x 1, a maior comédia do futebol brasileiro. Tragédia foi 50, 2014 foi comédia. O maior vexame do esporte brasileiro. Pior do que, por exemplo, a seleção de rugbi perder para a Nova Zelândia por 1200 x zero.

O pavor de ficar fora da Copa, presente durante o segundo trabalho de Dunga na seleção. Um horror.

Tite não é avaliado por seu trabalho, apenas. Ele ganha pontos pelas besteiras dos anteriores.

Deveria fazer uma estátua para cada um, em forma de agradecimento.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.