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Menon

Felipão nocauteia a modernidade

Menon

20/08/2018 17h10

Alguns fatos sobre Felipão e Palmeiras:

O aproveitamento é espetacular, com sete jogos sem sofrer gols. É incontestável, não há o que discutir.

A vitória por 2 x 0 sobre o Cerro, fora de casa, foi ótima. E nem vi o jogo. Foi ótima por vencer um time aguerrido for de casa e por encaminhar a classificação na Libertadores.

Tirando esse jogo, os outros foram contra adversários fracos. Nenhum time de primeira linha, como o Palmeiras é.

Então, é bom ter o pé atrás, é bom se preparar para novos jogos mais difíceis. E também é bom não ficar procurando defeitos.

Em resumo, e qui lí brio, como diz o Tite. O trabalho até agora é perfeito, mas exceção ao Cerro, os rivais eram fracos.

O que eu gosto no Felipão é que, com ele, o futebol é apenas futebol. Um jogo. Você tem de ganhar. Fazer com que seus onze jogadores derrotem os outros onze. Absolutamente, em hipótese alguma, você precisa jogar bem. Evidentemente, se você ganha jogando mal, está mais perto de perder no jogo seguinte.

Mas, no futebol brasileiro, com jogadores que não se comparam aos das médias ligas da Europa, eu não acho aconselhável ficar analisando treinador para mais além do resultado. Afinal, ninguém é gênio, ninguém tem um trabalho autoral, ninguém vai fazer história.

Felipão quer ganhar. E trabalha para vencer, sem frescura.

Roger Machado, após deixar o Galo, ficou seis meses sem trabalhar. Ele argumenta que não gosta de pegar um time "em andamento". Quer pegar desde o início e ir moldando o grupo às suas ideias. Ou ir moldando suas ideias ao grupo. Como um Michelângelo diante da alva Capela Sistina. Como Gabriel Garcia Márquez diante da folha em branco de sua máquina de escrever. Ou Chimamanda Ngozie Adichie diante da tela do computador.

Scolari chegou no meio de competição, sem tempo de treinar e já melhorou o time do Roger. A defesa parou de sofrer gols.

Eu acho irritante treinador jovem dizer que o time não tem tempo para treinar. Ora, é assim que a banda toca em Pindorama. Quer tempo para treinar, vai para a Europa. Ou peça que o presidente de seu clube enfrente a CBF. Ou faça, ele mesmo, uma tentativa de calendário decente. Dê sua contribuição ao futebol brasileiro. Pois, sim. Dizem que não têm tempo para treinar não para melhorar o futebol e sim para ter uma muleta que diminua a cobrança pelas derrotas.

A verdade é que não tem tempo para treinar mesmo. Mas também verdade que Osmar Loss e Roger Machado não apresentaram nada de novo após 40 dias de treinamento proporcionados pela parada da Copa. Barbieri também não. E reclama de gramado. Muletíssima.

Com Felipão, Deyverson e Borja estão fazendo gols. Ele tem dois centroavantes para escolher.

Para ele, isso é fundamental. Felipão não vive sem uma casquinha. Sem um cruzamento que termina em cabeçada. Sem um contra-ataque mortal, que termina no pé matador, após um passe bem feito.

É ultrapassado? Não tem posse de bola? Muito cruzamento? A verdade, amigos, é que não existe uma única maneira de vencer. E o que importa é vencer.

Outro ponto a favor de Scolari é ter uma linguagem acessível ao jogador. Ele sabe explicar o que deseja. Não precisa falar uma coisa em "tatiquês" e depois traduzir em "boleirês".

E ele, que é grosseiro com muita gente, trata seus jogadores como um paizão. É a tal família Scolari, que se transformou em comédia após o grande vexame de 2014, mas que pode ajudar agora. Em 2014, o Brasil era um time muito ruim, mal treinador e ultrapassado. Scolari foi engolido por outros treinadores e a tal família Scolari não serviu para nada. Agora, por enquanto, está ajudando. Mas, se vier um time muito melhor, vira fiasco de novo.

Esperemos, mas por enquanto é notório que Scolari está rendendo muito mais que os treinadores universitários. A turma do bloco médio, da amplitude, da valência física e técnica, da biotipia, da vitória pessoal (drible)…

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.