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O que segura Osmar Loss? A loira do banheiro?

Menon

23/08/2018 12h54

Osmar Loss assumiu o Corinthians após a surpreendente saída de Fábio Carille, rumo à Arábia Saudita. O primeiro jogo foi uma derrota por 2 x 1 para o Internacional, em Porto Alegre. Poderia ser um empate, mas houve o erro fatal de Mantuan no último minuto do jogo. Até a parada para a Copa, foram seis jogos no Brasileiro: uma vitória, três derrotas e dois empates. Cinco pontos em 18 disputados. 27,8% de aproveitamento.

Muito ruim. Mas havia algo a pensar. Apesar de trabalhar há tempos no clube, em contato direto com Carille, não era o "seu time". Não tinha tempo para treinar. Era difícil colocar em prática as suas ideias, sejam elas quais forem. Chegou, então, o período de trabalho. Ele trabalhou duro. Lógico. É um profissional sério e dedicado.

E o que se viu, após a Copa? Três vitórias, um empate e quatro derrotas. Dez pontos em 24 possíveis.  Aproveitamento de 41,7%.

Melhorou um pouco. Pouco demais. A média geral de Loss no Brasileiro é de 35,71%. Praticamente um ponto por jogo.

Com resultados tão ruins, o Corinthians está a sete pontos do sexto colocado, que o colocaria na Libertadores. E também a sete pontos da zona de rebaixamento, trazendo o pesadelo de 2007 de volta.

Deixemos os números de lado. O resultadismo. Vamos falar de desempenho.

O Corinthians está jogando bem?

Não está. Sob nenhum aspecto.

O sistema defensivo, sempre muito forte com Tite e Carille, está muito frágil. O jogo aéreo passou a ser um grande perigo. Contra o Fluminense, ficou claro. Lembremos do gol. Pedro ganhou de cabeça e ajeitou para Gum. Gum cabeceou. (Duas disputas pelo alto perdidas no mesmo lance). E ainda houve um outro gol de cabeça, anulado. Também com Gum. Ganhou no alto dos zagueiros corintianos. Só não valeu porque a cobrança de escanteio fez uma curva por fora do campo.

A proteção aos zagueiros piorou. O ataque, com centroavante ou sem centroavante  não funciona.

Loss escala bem?

Não. E seu grande erro foi não acreditar em Pedrinho. Demorou para dar oportunidade ao seu jogador mais talentoso. Alguém que conheceu na base. Uma dupla que funcionou muito bem. Outro erro é manter Pedro Henrique, que está jogando muito mal. Sua opção por não ter centroavante, com Romero como "falso nove" deu certo por pouco tempo.

Loss substituiu bem?

Não. O time não reage. Aquela sensação que existia com Carille – a qualquer hora, o Corinthians reage e vence – acabou. Agora, a sensação é outra. Se toma um gol, o jogo está perdido.

Existe algo que Loss ainda possa fazer?

Sem desmerecer o seu conhecimento e sua dedicação, não vejo como. Que coelho ele pode sacar da cartola?

Então, não há nada que diminua a "culpa" de Loss?

Sim. O time foi desmanchado e as contratações foram ruins. Balbuena, Pablo, Arana, Maycon, Rodriguinho e Jô saíram. Quem veio não está à altura. Roger, por exemplo? Quem contratou esse jogador. Roger fracassou no São Paulo. No Palmeiras. No Inter. Teve algum sucesso na Ponte e no Botafogo. Era claro que não daria certo. E ele foi contratado.

Então, o que mantém Osmar Loss no comando do Corinthians?

A lenda urbana. A loira do banheiro. Uma teoria que ganha ares de veracidade, apesar de não ser embasada na realidade.

Trocar treinador é ruim. Não é moderno. Na Europa não é assim. É preciso ter tempo de trabalho.

A teoria pega no Corinthians. Por que? Porque teve um grande exemplo no próprio clube. Tite levou o clube a um grande vexame internacional. Uma vergonha ser eliminado na Libertadores pelo Tolima. Andrés o manteve. E Tite mudou a história do clube, conquistando a Libertadores e o Mundial no ano seguinte. Então, o Corinthians é um campo propício para que a teoria floresça. Como dizia minha tia Cida, "assombração sabe para quem aparece".

Há muitos e muitos exemplos de como a troca de treinador pode levar um time à reação. O São Paulo cresceu com Aguirre. O Palmeiras melhorou com Felipão. O Santos está se transformando com Cuca. E o Furacão, livre de Fernando Diniz, é outro time.

Mesmo Andrés sendo adepto da teoria da loira do banheiro, da manutenção de treinador a todo custo, Osmar Loss não resistirá a uma eliminação em casa para o Colo Colo.

E se ele se classificar?

Se a classificação vier, o Corinthians terá o Palmeiras pela frente na Libertadores. Como já tem o Flamengo pela frente na Copa do Brasil.

Fica a questão: vale a pena enfrentar essas duas paradas com Osmar Loss? Ou seria bom ter um novo treinador antes que elas ocorram?

Se Osmar Loss passar pelos dois testes, subirá de patamar.

Se perder, o Corinthians terá o semestre perdido e um Brasileiro muito duro pela frente. E duro para não cair. Não, para ser campeão.

Me parece que nesse jogo de "se ganhar é bom, se perder é ruim", o Corinthians corre muito mais riscos que seu treinador.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.