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Adalberto esquece Ceni e comemora sucesso do Botafogo S/A

Menon

29/08/2018 16h36

O Botafogo de Ribeirão Preto começa a discutir, no domingo, contra o Cuiabá, uma vaga na final da Série C. A outra semifinal reúne Bragantino e Operário, do Paraná. Os quatro clubes já estão classificados para a Série B, um resultado que chegou a surpreender Adalberto Batista e Gustavo Oliveira, os comandantes do Botafogo, que agora é Botafogo S/A. O blog conversou com Adalberto Batista, ex-homem forte do futebol do São Paulo F.C para falar dos projetos do novo Botafogo e também de sua saída do São Paulo.

Você saiu do São Paulo após um choque com Rogério Ceni. Tem mágoa dele?

Nenhuma. Uma das maiores alegrias da minha vida foi o título mundial contra o Liverpool. Devo isso a ele. O que aconteceu foi que, pelo meu cargo, tinha de defender a instituição. Ela está acima de tudo. Ele feriu o clube e tomou atitudes contra o comando técnico de Ney Franco. Precisei tomar posição. Confrontei o grande ídolo do clube e sofri pressão política por causa disso. Pressão da torcida, também. Quando o Ney Franco caiu, resolvi sair também. O Juvenal estava muito doente e pediu que eu ficasse porque não tinha ninguém para me substituir no momento. Então, eu trouxe o Autuori e indiquei o Gustavo Oliveira, que hoje está conosco no Botafogo, para o meu lugar, e me desliguei em seguida.

Pensei que você voltaria para sua empresa e deixaria o futebol.

Voltei em um primeiro momento, porque era necessário, mas queria retornar ao futebol. Minha ideia era comprar um time em Portugal, fugir das coisas negativas que a política traz ao futebol. Negociei, com ajuda do Gustavo, e não deu certo. No ano passado, fui até Franca tratar de alguns negócios e dormi em Ribeirão Preto. Meu hotel ficava em frente ao estádio. Acordei de manhã, vi o Santa Cruz, com ótima localização e me entusiasmei.

Tanto assim?

Sim, é uma bela localização. Uma joia. Desci, fui a pé até o estádio, entrei e vi a pista. Na hora, liguei para o Raí e o Gustavo e perguntei como estava o Botafogo. Disseram que o time havia liderado a Série C até o final e depois, nos últimos cinco jogos havia ganhado só um ponto.

E como o negócio andou?

Falei com o Gustavo novamente e ele falou que não havia possibilidade de compra do estádio, mas que poderia ser feito um trabalho junto com a diretoria. Optamos por montar uma S/A. Desenhamos a formação da S/A, vimos como seria a profissionalização, com clásula de barreira para evitar interferência política, apresentamos para a diretoria. Foi aprovado em maio. Fizemos uma transição e agora é 100% S/A.

Por que a transição?

Para evitar problemas com escalação de jogadores. Todos foram transferidos do Botafogo F.C para Botafogo S/A. se fizesse no meio do campeonato, poderia dar algum problema de contrato, algum jogador poderia ficar sem condição legal para jogar.

Qual é a sua função específica? Você negocia salário, contrata jogador, fala com empresário.

Não, isso é com o Leo Franco, diretor de futebol e com o Gustavo. Eu sou o investidor.

E como você vai recuperar o dinheiro investido?

Eu tenho o sonho de transformar o Botafogo na primeira empresa de futebol de capital aberto, com ações na bolsa. Aí, vem o retorno.

Você esperava o acesso já no primeiro ano?

O campeonato da Série C é mais imprevisível que os de pontos corridos. Nós fomos os primeiros na primeira fase (10 vitórias, cinco empates e três derrotas) e cruzamos com o Botafogo da Paraíba, que foi o quarto do outro grupo. Perdemos o primeiro por 1 x 0 e ganhamos o segundo por 1 x 0, com gol aos 48 minutos do segundo tempo. Ganhamos nos pênaltis. Então, ninguém tinha certeza de subir, por causa dessa imprevisibilidade, mas a gente sabia que subiria em três anos, no máximo. Iria aprendendo pouco a pouco. Mas, veio antes.

E agora?

Nós vamos entrar para conseguir novo acesso. Não vamos cair de novo, de jeito nenhum. A meta do Botafogo, pela sua força e pelo seu nome, é ficar sempre ente os 30 maiores clubes do Brasil. No mínimo. Então, a gente quer lutar pelo acesso duramente, não podemos ficar abaixo dos dez primeiros da Série B. Agora, quando chegarmos na Série A, aí sim, será uma briga muito mais forte.

Vocês pensam em transformar o Santa Cruz em uma arena multiuso. Mas, não seria melhor, primeiramente, melhorar os vestiários e a iluminação.

Isso será feito sim. Queremos dar mais conforto aos adversários, aos jornalistas e aos nossos jogadores. Optamos, porém, pela transformação de uma área de estádio, com criação de camarotes e área para shows, para que entre mais dinheiro no caixa. É importante elevar a receita do Botafogo para que possa competir com outros clubes. É necessário ter futebol auto-sustentável. Não queremos o futebol de antes. Quando o time está mal, chegam os abnegados para ajudar. Quando o time está bem, chegam os chupins.

Você tem se dedicado ao ciclismo?

Sim, quando deixei o São Paulo procurei uma atividade física. Me dei bem com o ciclismo. É muito bom. Chego a pedalar 300 quilômetros por semana. Emagrei 20 quilos. E quando participo de alguma competição, perco mais oito ou dez para render mais.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.