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Gustagol pode salvar Ceni. Poderia salvar o Corinthians?

Menon

21/09/2018 15h20

O Corinthians vai precisar de ao menos um gol para vencer o Flamengo e chegar à decisão da Copa do Brasil na Arena de Itaquera, dia 26. O Fortaleza, de Rogério Ceni, vê sua liderança ameaçada na Série B, após um início fulminante. Precisa vencer o Vila Nova, em casa. Ceni pode contar com uma arma que o Corinthians desprezou.

Artilheiro do Brasil em 2018 com 26 gols marcados mesmo ficando dois meses parado, Gustavo, o Gustagol, poderia ser a esperança do Timão, mas foi desprezado pelo clube desde 2016, quando chegou e jogou pouco (apenas nove vezes), e agora faz sucesso emprestado ao Fortaleza – o Timão ainda o cedeu ao Goiás e ao Bahia.

O goleador que trocou a várzea pelo futebol profissional somente aos 20 anos acredita que sua história com a camisa corintiana ainda pode ter um final feliz, sonha com volta marcante em 2019, "ganhando mais oportunidades", e pretende provar seu valor na Série A. Não sem antes colocar o Fortaleza na elite. O camisa 9 abriu mão de várias propostas de fora do país por gratidão ao clube cearense que o abriu as portas, graças ao técnico Rogério Ceni, seu ídolo e conselheiro, responsável por levá-lo para lá e que fez seu futebol crescer. "Um treinador fora do normal, com o qual aprendi muito". De bem com a vida e com a confiança retomada, Gustavo, o "Rei de Fortaleza", sonha, até, em vestir a camisa amarelinha da seleção brasileira. Repetindo os gols na elite… "O Gustagol está só começando".

Nenhum jogador fez mais gols que você em 2018 no País (são 26). Qual o motivo de tamanho sucesso?

É resultado de muito trabalho e dedicação, o elenco do Fortaleza é muito unido e isso facilita as coisas dentro de campo.

Com o Fortaleza bem encaminhado ao retorno à elite, mas com contrato no clube só até dezembro, quais os planos para o futuro?

Primeiramente quero manter o foco no Fortaleza, quero ajudar a equipe a conquistar seu objetivo que é o acesso, depois juntamente com meu agente e com o Corinthians iremos ver o que será melhor.

Diversos clubes de fora do País se interessaram pelo seu futebol. Qual o motivo de ainda seguir no Brasil?

Sim! Meu agente recebeu inúmeras  sondagens do exterior, porém tenho como principal objetivo ajudar o  Fortaleza a subir para a Série A, pois foi um clube que me recebeu muito bem e vivo um grande momento em minha carreira. Acredito que outras situações irão aparecer, mas como disse: foco total na Série B.

Falando da Série B, são quatro jogos sem vitórias do Fortaleza, curiosamente o período que você não marca um gol, e a vantagem folgada na liderança caiu para apenas um ponto. Como está encarando essa situação?

Como todos sabem, a Série B é uma competição nivelada, todos os clubes que a disputam brigam por alguma coisa, tanto para acesso quanto contra o rebaixamento. Infelizmente os resultados nas últimas rodadas não foram satisfatórios, porém acredito que possamos reverter essa situação nas
próximas rodadas.

O jogo contra o Vila Nova, um dos candidatos ao acesso, ganhou ares de decisivo. O que vocês devem fazer de diferente para espantar a má fase?

Será um jogo de suma importância, haja vista que ambas as equipes têm condições de acesso. Acredito que nosso grupo está fechado e dentro de campo iremos dar o melhor de nós e vamos em busca da vitória.

A seleção brasileira fracassou na Copa do Mundo por não ter centroavante de ofício. Tite agora se rendeu que necessita de um 9. Sonha em vestir a amarelinha?

Todo jogador sonha em vestir a camisa amarelinha, trabalho duro dia-dia, quem sabe um dia possa vestir esse manto tão cobiçado por nós atletas.

Seus gols servem de recado para alguém?

Meus gols servem para ajudar a equipe à qual me identifiquei que é o Fortaleza.

Qual a importância do técnico Rogério Ceni em seu sucesso atual?

O professor Rogério Ceni é um profissional fantástico dentro e fora de campo, aprendi muito com ele, é um treinador moderno, que vem conquistando bons resultados no comando do Fortaleza, estou muito feliz aprendendo dia-dia com ele.

O que o treinador tem de diferente? Ele também te dá orientações sobre a carreira?

Rogério Ceni é fora do normal, pois dentro de campo foi um atleta vitorioso e fora dele, com sua vasta experiência, passa para nós atletas muitas coisas boas, aprendo muito com ele.

O Rogério Ceni sempre abraça os jogadores após os jogos. Isso mostra que não é antipático como dizem. O treinador também é paciente nos treinamentos?

Rogério, como disse, é diferente em todos os aspectos, na vitória ou na derrota é um verdadeiro profissional diferenciado. Quanto aos treinamentos, ele faz muita cobrança, até porque temos como objetivo vitórias e o acesso. Mas também incentiva muito. Na véspera da nossa estreia na Série B, fiquei treinando falta. Ele viu, me deu algumas dicas e me incentivou bastante. Então, contra o Guarani, no primeiro jogo, estava empatado. Aos 49 do segundo tempo, teve uma falta e eu fui lá e marquei. Desempatei o jogo. Comemorei muito com o Rogério.

Você estava se destacando no Criciúma em 2016, foi para o Corinthians, mas não deu certo. Foram nove jogos, apenas quatro como titular e nenhum gol.

Tive poucas oportunidades, naquele momento a equipe não vivia um bom momento, talvez isso tenha atrapalhado um pouco minha passagem pelo Corinthians. Fiz um gol legítimo contra o Galo, mas o juiz anulou.

Saiu com mágoa de alguém? Algo te chateou por não brilhar por lá?

Não saí com mágoas de ninguém, ao contrário. Hoje no Fortaleza, assim como no Criciúma, vivo um grande momento em minha carreira, espero quem sabe em um futuro próximo voltar ao Corinthians e mostrar o bom futebol que venho vivendo hoje.

Rei de Fortaleza, já existem negociações para que fique no Leão da Pici?

Até o momento nada foi discutido, até porque todos estão focados na Série B.

Você já provou sua capacidade ao ser artilheiro do Criciúma e agora no Fortaleza, ambos na Série B. Brilhar na Série A virou questão de honra?

Sim, acredito no meu potencial, sou ciente que a Série A, assim como Série B, o nível é bastante nivelado, mas acredito que eu possa fazer meus gols na elite também, basta ter oportunidades.

Você teve uma infância difícil, trabalhou até de pintor para sustentar a família. Hoje pode-se definir um vitorioso?

Sim, hoje graças a Deus me considero uma pessoa vitoriosa, agradeço a Deus por tudo que vem acontecendo em minha vida.

Seu irmão também começa a dar os primeiros passos como jogador profissional. Qual sua importância nisso?

O Gabriel vem se destacando no CATS Taboão da Serra, é um atleta determinado que quer buscar seu espaço também. Dou conselhos a ele sobre o mundo da bola, acredito que este menino terá um futuro brilhante.

Qual o seu futuro no futebol?

Por onde passei, graças a Deus tive o privilégio de alegrar os torcedores. Espero que aqueles que gostam de mim possam vibrar muito
mais ainda, pois o Gustagol só está começando.

Entrevista feita pelo jornalista Fábio Hécico

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.