Salve o São Paulo, Raí
Caro Raí
Você viu o filme "Onde a moeda cai de pé"? Espetacular. Mostra toda a grandeza do São Paulo. Mas, o que estou falando? Com certeza, já viu. Você é parte importante do filme. E está lá, com seus gols e com seu depoimento.
Com certeza, você se emocionou com os grandes craques que vestiram a camisa tricolor. Friendereich, Leônidas e Zizinho. Os três foram os melhores do Brasil, cada um em sua época. Careca, o maior paceiro de Maradona. Rogério, o goleiro-artilheiro. Os Menudos. O seu São Paulo bicampeão mundial.
E o tri? Eu me lembro de você, lá no Japão, participando dos treinos com os jogadores. E, depois, na hora da festa, saindo de cena. Muito caráter. Ajudou, deu apoio, mas não aceitou ofuscar a festa dos outros.
Há uma tristeza escondida no filme. Reparou? Laudo Natel explica o jejum de 1957 a 1970 como uma opção para que não faltasse dinheiro para a construção do estádio. E, no final, há um corte no tempo. Lucas levanta a taça da Sul-americana e já temos a despedida de Rogério, com sua presença.
O último título e a despedida do ídolo. Jejum de 13 anos no Paulistão. Jejum de dez anos Brasileiro. E qual o ganho colateral? Nenhum.
Aí é que você entra, Raí. É preciso decifrar os motivos de tamanha decadência. O que aconteceu com esse clube. Mudança de estatuto e corrupção são mais efeito do que causa.
Para mim, a causa principal foi a ausência de grandeza. Deixaram de ser sonhadores, deixaram de pensar o futuro e preferiram o apequenamento e a arrogância. A conversa de Soberano é tão ridícula como contraproducente.
Raí, você chegou ao clube como uma brisa de ar fresco. Um tufão. Toda a esperança de renovação está em você. Renovação? Melhor dizer reconstrução.
Mesmo os críticos mais acerbos que te compararam com Eurico Miranda e que questionam a montagem do elenco de 2018, sabem que você pode acertar. Quem mais, se não você?
É preciso olhar a história.
O São Paulo, nos últimos 45 anos, com exceção de um breve período nos anos 80, teve goleiros de seleção brasileira: Waldir Peres, Gilmar, Zetti e Rogério.
Outro ponto recorrente na história do clube é o pensar grande. É a contratação de grandes jogadores. Leônidas, que fez a moeda cair de pé. Zizinho para o título de 57. Gérson, Pedro Rocha e Toninho para os anos 70. Careca, para orientar os Meninos. Raí, em 98. Toninho Cerezo para os Mundiais.
E contrações geniais, sem muito dinheiro, como Dario Pereira, Leonardo, Lugano…
Outra vertente? A base. Olha so: Rogério, Cafu, Jurandir, Dias, Nelsinho, Casemiro, Kaká e Silas; Muller, Serginho e Zé Sérgio. E muitos outros: Mauro Ramos, Bauer, Lucas…
Se a Bahia deu régua e compasso para Gilberto Gil, a História Tricolor deve ser seu guia.
Pegue a história nas mãos, Raí, e leve o São Paulo novamente ao seu destino glorioso.
Boa sorte.
Menon
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