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Menon

Salve o São Paulo, Raí

Menon

14/11/2018 09h32

Caro Raí

Você viu o filme "Onde a moeda cai de pé"? Espetacular. Mostra toda a grandeza do São Paulo. Mas, o que estou falando? Com certeza, já viu. Você é parte importante do filme. E está lá, com seus gols e com seu depoimento.

Com certeza, você se emocionou com os grandes craques que vestiram a camisa tricolor.  Friendereich, Leônidas e Zizinho. Os três foram os melhores do Brasil, cada um em sua época. Careca, o maior paceiro de Maradona. Rogério, o goleiro-artilheiro. Os Menudos. O seu São Paulo bicampeão mundial.

E o tri? Eu me lembro de você, lá no Japão, participando dos treinos com os jogadores. E, depois, na hora da festa, saindo de cena. Muito caráter. Ajudou, deu apoio, mas não aceitou ofuscar a festa dos outros.

Há uma tristeza escondida no filme. Reparou? Laudo Natel explica o jejum de 1957 a 1970 como uma opção para que não faltasse dinheiro para a construção do estádio. E, no final, há um corte no tempo. Lucas levanta a taça da Sul-americana e já temos a despedida de Rogério, com sua presença.

O último título e a despedida do ídolo. Jejum de 13 anos no Paulistão. Jejum de dez anos Brasileiro. E qual o ganho colateral? Nenhum.

Aí é que você entra, Raí. É preciso decifrar os motivos de tamanha decadência. O que aconteceu com esse clube. Mudança de estatuto e corrupção são mais efeito do que causa.

Para mim, a causa principal foi a ausência de grandeza. Deixaram de ser sonhadores, deixaram de pensar o futuro e preferiram o apequenamento e a arrogância. A conversa de Soberano é tão ridícula como contraproducente.

Raí, você chegou ao clube como uma brisa de ar fresco. Um tufão. Toda a esperança de renovação está em você. Renovação? Melhor dizer reconstrução.

Mesmo os críticos mais acerbos que te compararam com Eurico Miranda e que questionam a montagem do elenco de 2018, sabem que você pode acertar. Quem mais, se não você?

É preciso olhar a história.

O São Paulo, nos últimos 45 anos, com exceção de um breve período nos anos 80, teve goleiros de seleção brasileira: Waldir Peres, Gilmar, Zetti e Rogério.

Outro ponto recorrente na história do clube é o pensar grande. É a contratação de grandes jogadores. Leônidas, que fez a moeda cair de pé. Zizinho para o título de 57. Gérson, Pedro Rocha e Toninho para os anos 70. Careca, para orientar os Meninos. Raí, em 98. Toninho Cerezo para os Mundiais.

E contrações geniais, sem muito dinheiro, como Dario Pereira, Leonardo, Lugano…

Outra vertente? A base. Olha so: Rogério, Cafu, Jurandir, Dias, Nelsinho, Casemiro, Kaká e Silas; Muller, Serginho e Zé Sérgio. E muitos outros: Mauro Ramos, Bauer, Lucas…

Se a Bahia deu régua e compasso para Gilberto Gil, a História Tricolor deve ser seu guia.

Pegue a história nas mãos, Raí, e leve o São Paulo novamente ao seu destino glorioso.

Boa sorte.

Menon

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.