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Decisão de Vital deve ser respeitada

Menon

19/11/2018 10h07

Tenho muitos amigos corintianos. Dois deles tiveram reações opostas ao fato de Matheus Vital não comemorar o gol que marcou contra o Vasco, seu ex-time.

Fernanfo argumentou que o gol era importantíssimo para o clube e a torcida e que ele deveria comemorar. Se está com saudades, se está triste porque fez o gol, que volte para o Vasco.

Moacyr, o engenheiro Pinduca, elogiou Vital, a quem chamou de grande homem. Mostrou respeito ao Vasco, o clube que o revelou e que lhe deu tudo na vida.

Tudo mesmo. Aos nove anos, Matheus Vital viu a mãe ser assassinada em um assalto. "O Vasco fez tudo por mim. Colocou uma psicóloga 24 horas ao meu lado", disse, quando chegou ao Corinthians.

O que eu acho? Fico balançado com os dois argumentos, mas a questão aqui é outra. Eu, como jornalista, tenho o direito de julgar a decisão dele? Uma questão de foro íntimo, uma decisão tomada sob emoção? E com variáveis que eu nem conhecia, como o assassinato da mãe?

Sinceramente, acho que não é minha função. Não é meu direito. Convivi profissionalmente com grandes jogadores a quem considero seres humanos desprezíveis. Gênios da bola que não reconheceram filhos, por exemplo. Quando analisei suas atuações, nunca pensei nas divergências morais que tinha com eles.

Falar de futebol já não é fácil. Imagina ser juiz de comemoração alheia.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.