Multimilionário comanda arrancada histórica do CSA
R$ 71.251.493,33.
Um número impressionante, não?
Um número que explica a mais notável ascensão de um clube brasileiro. O CSA, de Alagoas, que saiu da Série D em 2016 para a Série A em 2019. Um feito impressionante que faz a torcida azulina dizer que o CSA, além de Centro Sportivo Alagoano, também significa Clube Série A.
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Mas, e o número mágico, o que é?
Simples.
É o patrimônio declarado de Rafael Tenório, primeiro suplente na chapa de Renan Calheiros, reeleito senador por Alagoas. O político mais rico do estado nas eleições de 2018. Dono de 59 apartamentos, dez terrenos e nove casas. Dono de distribuidora de alimentos, empresário mais rico do estado, Rafael Tenório, que na verdade se chama Cícero Tenório Rafael da Silva, também é presidente do CSA. Desde quando? Desde 2015, quando a ascensão começou a ser gestada,
O clube vivia uma grande crise. Não tinha calendário nacional, disputava apenas o campeonato alagoano. E era superado de longe pelo CRB, grande rival. A situação era tão ruim que o CSA foi rebaixado para a segunda divisão de Alagoas em 2003 (voltou no ano seguinte) e em 2010 (voltou em 2012). Enquanto isso, o CRB estava na Sério B do Brasileiro, onde chegou a enfrentar gigantes como Corinthians, Botafogo e Galo.
Então, Tenório assumiu e colocou o amigo Raimundo Tavares como diretor de futebol. Uma amizade improvável, criada nos campos de futebol e na base do CSA. Improvável porque Rainundo era filho de José Tavares, governador do estado em 1986 e 87, após a renúncia de Divaldo Suruagy e Tenório era um ex-catador de caranguejo que ganhava a vida como vendedor de leite na feira. Depois, como tantos, emigrou para São Paulo, onde foi cobrador de ônibus e bancário.
Bem, não interessa aqui como ele se tornou multimilionário. Os números que importam são outros, além dos R$ 71.261.403,33.
Em 2016, o CSA foi vice-campeão estadual e conseguiu uma vaga na Série D.
Em 2016, foi vice-campeão da Série D.
Em 2017, foi campeão da Série C, dentro do Castelão, conta o Fortaleza. O uniforme do clube ganhou uma estrela acima do distintivo onde está escrito União e Força, lema do clube fundado em 1913
Em 2018, o presidente deixou de colocar dinheiro próprio no clube. E o time foi campeão alagoano após dez anos. A festa estava completa. A meta havia sido atingida. Agora, seria a hora de se manter na Série B. O time foi vice-campeão e completou a escadinha perfeita. Da D à A em três anos. O acesso poderia ter vindo na penúltima rodada. Bastava um empate em casa contra o Avaí, mas houve derrota por 1 x 0. Na ultima rodada, era preciso vencer o Juventude, em Caxias. E o CSA goleou por 4 x 0. Nos dois jogos, Marta, a maior jogadora de futebol do mundo, estava presente. Torcedora do CSA, estava na festa de 50 mil pessoas que receberam os jogadores no aeroporto e fizeram carreata até a praia de Ponta Verde.
Nesse período, o clube mudou de cara. A estrutura cresceu. O Centro de Treinamentos Mutange (nome do bairro onde está localizado), foi reformado. Tem três campos. A base foi reestruturada. O time estará na Copa São Paulo. Foi montada uma academia. Um alojamento está sendo feito. E novas reformas virão. Foi criada uma marca própria de produtos esportivos, que permite lucros maiores. O clube conseguiu um patrocínio da Caixa Econômica Federal, com auxilio dos senadores Fernando Collor, Renan Calheiros e Benedito Lira.
Uma curiosidade, aliás, duas. Fernando Collor foi presidente do CSA e contratou um jovem treinador que ganhou ali seu primeiro título. Seu nome é Luis Felipe Scolari. Arnon de Mello, filho de Fernando Collor, foi presidente do clube em 1999, quando o CSA foi vice-campeão da Conmebol.
A torcida do CRB pode se queixar do auxílio de tantos políticos? Poder, pode, mas é difícil. Seu presidente é o deputado estadual Marcos Barbosa.
E agora, o CSA está montado para a Série A?
Nada disso. Todos os jogadores estão dispensados. O clube não tinha dinheiro para contratos longos e eles venceram ao final da temporada. A exceção é o goleiro Mota, que tem vínculo até o final de 2019, como o treinador Marcelo Cabo. O trabalho de montagem de um novo elenco começa agora; com nova responsabilidade e novo orçamento.
A meta é a manutenção. Não cair. Para lidar com isso, será preciso uma folha de pagamentos maior do que a atual, próxima a 8oo mil mensais. O dinheiro será maior também. Com novos patrocinadores, participação na Copa do Brasil, o CSA planeja lidar com R$ 50 milhões por ano.
Muito dinheiro.
Mas ainda menos que os R$ 71,351,493,33 de seu presidente.
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