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Marcelo Oliveira, símbolo de um futebol decadente

Menon

30/11/2018 16h11

A notícia seria surpreendente em todo o mundo do futebol, da Rússia à Tailândia, da Bolívia à França. Um treinador foi demitido três dias antes de um jogo que pode definir o futuro próximo do clube. Todos têm o direito de se surpreender. Todos, menos Marcelo Oliveira, o novo desempregado. Afinal, não é a primeira vez Em 2016, após derrota por 3 x 1 para o Grêmio, na primeira partida da decisão da Copa do Brasil, também foi despedido.

Que tipo de futebol permite uma situação tão estranha? O decadente futebol brasileiro, é lógico. Planejamento, por aqui, é uma utopia. E não digo planejamento como sinônimo de manutenção de treinador. Não acredito no dilema Tostines. Para mim, é claro que o treinador se mantém porque o time vai bem e não o contrário. Os que acreditam que um time vai bem porque o treinador foi mantido e que a manutenção é certeza de sucesso, precisam explicar o título do Palmeiras com Felipão. Se Roger continuasse, o título viria? E o Ceará teria escapado sem o genial Lisca Doido?

Falo de planejamento a longo prazo. O Fluminense, como lembra hoje o jornalista Carlos Eduardo Mansur, em O Globo, não se preparou para a saída da Unimed. Viveu um período áureo, com muito dinheiro no bolso e nenhuma preocupação na cabeça. Não buscou novas alternativas, não soube conviver com a pobreza e aí está pronto para viver um drama. Caso não consiga se manter na Série A, terá uma dura ralidade pela frente. Pela primeira vez, os clubes grandes que caírem não terão direito à mesma verba que tinham na divisão de elite.

O precipício está aí e como o Fluminense chegou até ele? Com um treinador em franca decadência. Depois do bicampeonato brasileiro conquistado pelo Cruzeiro, em 2013 e 14, só decepções. Mesmo com a Copa do Brasil com o Palmeiras. Nenhuma ideia nova, nenhuma surpresa tática. O Fluminense chega também com atacantes que não fazem gols há 12 horas. Qual foi o planejamento para a substituição de Pedro, joia de Xerém e que se contundiu gravemente?

O planejamento dos clubes – e não apenas o Fluminense – para as categorias de base, não contempla títulos e sim pagamento de dívidas. Um garoto como Liziero, do São Paulo, não é visto com alguém capaz de jogar dois ou três anos e garantir qualidade técnica ao clube. Não. É apenas um ativo azul capaz de dininuir o vermelho do balanço anual.

No domingo, o Fluminense definirá se no próximo ano será um grande entre os pequenos ou um médio entre os grandes. De uma forma ou de outra, continuará vivendo de pequenas ilusôes e da falta de planejamento à altura de suas glórias.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.