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Menon

Solidão

Menon

20/12/2018 12h34

Para os amigos e camaradas Antonio César Simão e Arnóbio Rocha

Solidão é lava que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo
Solidão palavra cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão

(Paulinho da Viola, gênio da raça, carpinteiro e eartesão de rimas e sonhos.)

Tem solidão maior que a do faroleiro? Pelo menos, tem o mar, ali ao lado.

Tem solidão maior que a do goleiro na hora do pênalti? Pelo menos, tem a companhia de seu algoz.

Tem solidão maior que a do descrente no Natal? Pelo menos, tem o pernil, que iguala religiosos e ateus.

Tem solidão maior que arrumar o quarto do filho que se foi? Pelo menos, as lembranças felizes minoram o sofrimento.

Tem solidão maior que a do sniper, pronto a tirar a vida de alguém? Pelo menos, há o salário a justificar.

Tem solidão maior que a do náufrago? Pelo menos, há a esperança da chegada de um navio salvador.

Tem solidão maior que a dos malditos domingos suecos, sem futebol? Não tem não, meu amigo. Não tem não.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.