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Menon

A batalha de Helinho

Menon

03/01/2019 04h58

Joao Rojas foi uma boa contratação no período da Copa. Chegou, estreou bem, sem nenhum problema de adaptação e tomou conta do lado direito do ataque. Ajudou na defesa também. Quando se contundiu o São Paulo não tinha reserva e não conseguiu alguém que rendesse bem na posição. Bruno Peres e Araruna não deram certo. O esquema foi mudado para a entrada de Gonzalo Carneiro, que teve alguns bons lampejos mas também se contundiu.

O jeito foi dar chance a Helinho, uma joia reluzente da base tricolor. Fez um lindo gol contra o Flamengo, mas, já no mesmo jogo, mostrou uma fragilidade física muito grande. Comparado com Renê, que o marcava naquele dia, e com outros que vieram nas partidas seguintes, Helinho era uma criança entre adultos. Normal, ele tem apenas 18 anos.

A ideia da torcida era que Helinho se fortalecesse um pouco nas férias e voltasse com mais força e moral para assumir a posição. Pelo menos enquanto Rojas não volta, o que está previsto para abril. Previsto por ele. O clube apoata em julho. Haveria uns 300 jogos para que ele mostrasse seu valor.

Não será assim. O São Paulo contratou Biro Biro. E configurou-se um cenário ruim para Helinho. Seria reserva agora e, a partir de abril, a terceira opção. Injustiça? Não sei dizer. Não sou daqueles que acredita na base como salvação de todos os males. "Igual a esse, tem dez na base" é um exagero muito grande, seja de que time se esteja falando. Todos são assim. É estatística. Grandes times da base, grandes campeões, revelam no máximo quatro jogadores para o time principal. O São Paulo, de 2010, por exemplo, teve Casemiro, Lucas e Bruno Uvini.

Também sei que muitos jovens que brilham na base não recebem o apoio necessário dos treinadores. Basta um erro para que as chances terminem. Um bom exemplo é Lucas Perri, que já é sondado pela Fiorentina e que nunca jogou no time principal do São Paulo. A contratação de Jean serviu apenas para brecar sua evolução.

Biro Biro vai brecar a evolução de Helinho?

Biro Biro é um novo Jonathan Cafu?

Jardine, que foi treinador de Helinho na base vai lhe dar oportunidades? Se der, ele vai aproveitar?

Um bom aluno de medicina provavelmente será um bom médico. Um bom aluno de engenharia provavelmente será um bom engenheiro. No futebol, não é assim. Nada garante que o astro da base seja ao menos um jogador útil.

Helinho foi brilhante em Cotia. Agora, precisa ganhar força para poder luzir entre os novos companheiros e rivais. E precisa mostrar tudo o que sabe já nos treinos. Seu vestibular começa agora. É preciso vencer o gargalo que impede muita gente de ser no profissional pelo menos metade do que foi na base.

Talento, ele tem. Inegável. É hora de lutar. E mostrar.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.