Ganso, apenas um patinho feio
Aos 29 anos, Paulo Henrique Ganso, deixa o Amiens, na França, e procura um grande time brasileiro. Lido assim, fica a impressão de um avanço, de retorno às glórias. Afinal de contas, todo time grande do Brasil é muito maior que o Amiens. Mas não é bem assim. A verdade é que o Amiens não quis mais Ganso. Como o Sevilla não quis mais. Como ninguém quer. Na Europa, é claro.
Ganso, que poderia virar cisne, se transformou em um patinho feio.
É um caso triste, a meu ver. Ganso, em 2010, juntamente com Neymar, foi considerado o grande erro de Dunga. A ausência dos dois deu à presença de Júlio Batista um status de bizarrice que ele não merecia. Pelo menos em relação a Ganso. O passado e o futuro comprovaram que Dunga estava certo.
O que se passou com Ganso?
Não tenho respostas, só indagações e perplexidade.
É um jogador que não conseguiu achar sua verdadeira posição em campo? Muricy dizia que ele precisava ficar mais próximo à área. Outros diziam que ele deveria recuar e ser o Pirlo brasileiro, graças à excepcional saída de bola que daria ao time.
É um jogador perdido no tempo? Em resposta à Muricy, Ganso disse algumas vezes que preferia o passe perfeito ao gol. É um direito seu, mas ninguém conseguiu fazer entrar na sua cabeça que o craque do terceiro milênio é aquele que prefere o E e não o OU. Se tem a capacidade do ótimo passe, precisa ter a humildade (ou ambição) de também fazer gols.
É uma vítima dos novos tempos, em que um jogador de alto nível não pode viver apenas de suas qualidades técnicas? Precisa saber marcar, precisa ralar a bunda e também correr atrás do adversário.
Sofre com a má vontade de jornalistas que, totalmente embevecidos por tática, rejeitam um jogador que pouco interesse tem no jogo coletivo? É possível jogar bola hoje em dia, sem pensar no coletivo?
Os treinadores brasileiros só pensam em marcação e não aceitam um livre pensador livre de obrigações coletivas? Não conseguem montar um time à feição de Ganso? Mas, Ganso tem tanta bola assim? E Sampaoli, que o rejeitou no Sevilla não é brasileiro.
Ganso, um craque enigmático. Craque? Enigmático.
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