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Menon

Meio sol amarelo (1/40)

Menon

08/01/2019 10h31

A Bahia já me deu

Graças a Deus,

Régua e Compasso

Quem sabe de mim sou eu

Aquele abraço.

O genial Gil homenageia neste samba antológico toda a bagagem intelectual, amorosa, emocional e sabe-se mais o que recebida em sua aldeia e que lhe possibilitou conquistar o mundo.

A metáfora serve para a nigeriana Chimamanda Ngozie Adichie, famosa em todo o mundo por livros que falam de seu país, de negritude e, mais recentemente, de feminismo.

Mas ao ler Meio Sol Amarelo, a imagem de régua e compasso passa a ser real. Pouca metáfora e muita literalidade. É possível ver as potências coloniais detalhando a África conforme seus interesses, sem respeitar séculos de existência e cultura.

E tome Ruanda, abrigando as etnias hutus e tutsis. E aí está a Nigéria, com hauçás e Ibis. Inimigos ancestrais, unidos por conveniência alheia.

O resultado? Guerra, massacre, genocídio, fome.

É o que Chimamanda conta. Na Nigéria, os Ibis deram um golpe de estado. Sofreram outro, meses depois. E, católicos, passaram a ser perseguidos pelos muçulmanos hauçás.

Resolveram fundar seu país. Biafra nasceu em 1967, com sua linda bandeira com meio solicitar amarelo, e viveu até 1970. Vencida pela fome. As imagens de crianças biafrenses impactaram o mundo, mesmo "concorrendo" com imagens do Vietnã.

Mas o livro não é um relato da guerra, não é um tratado, não é frio.

É uma saga, maravilhosamente bem escrita, baseada em cinco personagens.

Odenigbo – professor de Matemática e ardoroso defensor da etnia igbo e de Biafra.

Olana – professora de sociologia, vive com Odenigbo e também luta por Biafra.

Kainene – irmã gêmea de Olana, pragmática e responsável pelos negócios da família.

Richard – inglês aspirante a escritor e marido de Kainene.

Ugwu – garoto de 13 anos que deixa a família na zona rural para trabalhar na casa de Odenigbo e Olana.

A guerra vai mudar todos eles. Para pior. E para melhor.

Chimamanda é ótima.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.