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"Cruzeiro deve e não paga. É má fé", diz presidente do Atlético Acreano

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09/01/2019 03h00

Elison Azevedo, presidente do Atlético Acreano tenta manter o bom humor ao lembrar das dificuldades em receber R$ 400 mil devidos pelo Cruzeiro, pelo empréstimo do atacante Careca, em 2017. "Vai ver que eles não gostam do nome Atlético". Em seguida, sem ironia, explica qual o verdadeiro motivo, em sua opinião, pela falta de pagamento. "Como se chama quando alguém não paga o que está escrito em um contrato? Quando não se respeita uma assinatura? É má fé. Não tem outro nome, não".

Raianderson Morais, o Careca, tem 23 anos. Em 2017, ele foi a revelação e o artilheiro da Série D. Pouco antes da semifinal da competição, recebeu convite para se transferir para o Cruzeiro. O Atlético Acreano, mesmo com a iminência do acesso, liberou seu jogador por empréstimo de um ano. O acordo era de R$ 400 mil e, em caso de compra, após um ano, mais R$ 400 mil. E o time acreano ficaria ainda com 50% dos direitos.

Não deu certo. "Ele nunca jogou. Passou a treinar separado e fez umas duas partidas pelo sub-23. Para mim, é inexplicável, porque ainda vão falar muito dele. É um grande jogador", diz o presidente.

O espanto ficou maior quando percebeu que o Cruzeiro não iria pagar o que foi combinado. "O dia certo era 20 de fevereiro do ano passado e até agora, nada. Depois de um certo tempo, propuseram pagar a metade. Percebi, então que era um desrespeito muito grande. E, para ser respeitado, a gente precisa brigar. Deixei de tratar o assunto de forma amistosa e encaminhei um protesto na Câmara de Resolução da CBF".

A revolta de Elison é grande. "O Cruzeiro ganhou R$ 75 milhões com a Copa do Brasil e não paga R$ 400 mil para o Atlético Acreano. Esse dinheiro para eles é troco de bombom. Para nos, é muito importante. Dá para pagar seis meses de nossa folha salarial".

Talvez tenha faltado para o Cruzeiro, a gestão de que Elison se orgulha. "Um dia, na aula do curso de Educação Física, um professor disse que era impossível um clube do Acre subir de divisão. Eu e dois colegas duvidamos e fizemos um projeto para isso. Assumi o clube em 2016 e lutei por dois acessos. Conseguimos um. Estamos na Série C e quase fomos para a B esse ano. Se o Careca estivesse aqui, a gente subiria porque ele é muito bom. Ou, se o Cruzeiro pagasse, a gente teria dinheiro para reforços e subiria também."

 

A possível venda de Arrascaeta, do Cruzeiro para o Flamengo, não anima Elison. "Eles não vão pagar. Infelizmente, não. É uma coisa muito feia contra um primo pobre do futebol. Nós estamos longe de tudo, geograficamente falando. Grandes patrocinadores ficam longe do Acre, não querem investir. E ainda sofremos com essa falta de respeito do Cruzeiro".

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.