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Andrés está corretíssimo. Pena que não tenha liderança

Menon

13/01/2019 12h51

O Corinthians mandou uma carta à Conmebol protestando contra as mudanças exigidas para jogos da Libertadores. Nada de bandeirão, lugares marcados e venda totalmente pela Internet. Novos passos em busca da higienização do futebol. Adeus, torcedor raiz, que fica na arquibancada, em pé e não para de cantar. Adeus bandeirões, adeus festa, bye bye futebol como expressão de paixão popular. A Conmebol se comporta como alguém que deseja ardentemente ser aceito por outros, mais ricos. E se adapta e imita. E perde a identidade. "Olha, Uefa, nós somos pobres, mas somos limpinhos".

Parabéns a Andrés Sanches pela tomada de posição. Mais ainda por trazer críticas à CBF, entidade que nada faz pelos clubes brasileiros. Abaixo, o manifesto:

"O Sport Club Corinthians Paulista manifesta seu descontentamento com as recentes resoluções publicadas pela Conmebol para a Copa Sul-Americana e a Libertadores.

O O Regulamento de Segurança para Competições de Clubes 2019, publicado oficialmente pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), no Art. 25, proíbe, dentre inúmeros outros itens, a entrada de bandeiras e bandeirões com mais de 1,5m de comprimento e 1m de largura. Com o novo regulamento, o número de itens proibidos nos locais dos jogos aumentou de 18 para 21 em 2019. A nova regra também prevê, no Art. 21, que, a partir de 2021, todos os ingressos sejam vendidos na internet e os lugares sejam marcados e com assentos.

O Time do Povo não pode aceitar o ônus imposto pelas medidas aos reais donos do espetáculo, os torcedores, que frequentemente pagam caro para ir a estádios desconfortáveis, com serviços de péssima qualidade, por imposição de burocratas do futebol latino-americano, que agem como se o fã fosse um estorvo e não a razão de ser do espetáculo.

Em vez de penalizar a torcida com o fim das bandeiras e dos bandeirões e dos lugares populares onde costumeiramente os torcedores, em pé, entoam seus cânticos empurrando sua equipe, que fosse feito um estudo pela Entidade sobre as melhores práticas no desenvolvimento dos espetáculos esportivos. Bom exemplo acontecerá em breve na final do Super Bowl, em Atlanta, quando a gestora da arena hospedeira, nossa parceira IBM, estará mostrando como é colocar à serviço do torcedor todo o aparato de um estádio moderno.

Aviltam a experiência do espectador no estádio, mas nada fazem para melhorar a capacitação da arbitragem ou enriquecer a emoção do fã fiel. Sempre com a complacência da CBF na Conmebol, cujo silêncio perante os desacertos faz dela cúmplice por omissão.

Fiéis à nossa origem, vestidos com o manto alvinegro, seguimos em frente, fazendo nosso trabalho, melhorando as condições do nosso espetáculo, desenvolvendo o negócio do esporte, implementando a boa governança em nosso Clube.

A Conmebol deve despertar para estes os novos tempos: o negócio do futebol vem mudando a uma velocidade alucinante, imposta pela força dos participantes nas redes sociais, que estarão se revelando cada vez mais implacáveis com aqueles que desprezam seus anseios.

Vivemos numa sociedade violenta, é inegável, mas repudiamos as soluções de prateleira, adotadas no continente, que optam pelo caminho mais fácil de sacrificar os quem têm menos para beneficiar os quem têm mais.

Não vamos aceitar extinguir os locais populares de nossa Arena, nela queremos não só bandeiras e bandeirões, mas também instrumentos musicais e fogos festivos. Acreditamos que o diálogo deve trazer de volta os clássicos com duas torcidas, pois sabemos que, se tratarmos o torcedor como animal, geraremos um selvagem; respeitando-o como cidadão, teremos um torcedor apaixonado.

Andrés Navarro Sanchez

Que o Corinthians vá com esta luta até o fim. Continue o enfrentamento com CBF e Conmebol. Mas, será uma luta solitária. Por dois motivos: ao contrário do que dizia Otto Lara Rezende em relação aos mineiros, os grandes do Brasil não são solidários nem no câncer. É cada um por si. O Palmeiras sentiu o isolamento na briga com a Federação Paulista.

O segundo motivo é a antiga postura de Andrés. Ele destruiu o Clube dos 13, uma entidade que, bem ou mal, unia os grandes clubes e tentava ser o seu porta-voz. Andrés saiu. Foi o pioneiro da política do se a farinha é pouca, meu pirão primeiro. Fez a opção de caminhar sozinho.

E ninguém vai ser solidário a ele. Ninguém vai seguir sua liderança. Mesmo que esteja mil por cento correto, como agora.

Os grandes clubes seguirão assim, gigantes adormecidos e sob o jugo de FPF, CBF e Conmebol. Ad eternum.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.