Pssica (3/40)
Há três anos, fui ver uma palestra de Leonardo Padura, um de meus escritores preferidos, em parceria com Este Augusto. Quem?
Sim, foi o que pensei. Gostei de como o escritor paraense descreveu seu estilo e comprei o livrinho. Sim, fininho, pequeno, 90 páginas.
Deixei de lado, em uma estante, aqui em casa. Santa ignorância, Batman. Perdi muito tempo. Li agora, em três horas.
O livro é um furacão. Frases curtas, cortantes, ritmo alucinante. Conta a história de Janelice, garota de 14 anos, expulsa de casa pelo pai, quando o namorado vazou um vídeo de sexo oral.
O livro vai de Belém, à ilha de Marajó e a Caiena, capital da Guiana. Crack, cocaína, garimpo, corrupção, morte, matador de aluguel, um angolano branco em busca de vingança pela morte da amada.
Dificilmente, o clichê "é impossível parar de ler" esteve tão perto da realidade.
Abaixo, um exemplo da escrita crua e bela de Edyr Augusto.
"Tá assim de puta, cara!. Os homens precisam. Se não estiver no turno, vai. Preá vai, disposto a ficar bebendo e cheirando coca. É um barraco imundo. O som toca brega e zouk. A mulherada se amostra. É um entra e sai dos quartinhos. Cada foda paga em ouro".
"Então, um braço forte envolveu seu pescoço e começou a apertar. Na surpresa, chegou a gritar de susto. O braço apertando. Tentou rolar. De todas as maneiras. Socou para trás. Pegou a cabeça do oponente, puxou. Mas o ar estava faltando. Agora, o importante era respirar. De qualquer maneira. Tentava baixar o queixo, morder o braço que apertava. Via luzes. Luzes. Escurecia. Escureceu. Os olhos quase saltados da órbita. ".
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