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Torcedor que briga por causa de banco é muito chato

Menon

17/01/2019 10h52

O banco BMG, novo parceiro do Corinthians, fez uma ousada ação de marketing ontem, quarta-feira. Disse que se chegasse a um número x de seguidores no Twitter, até o final do dia, faria um anúncio importante hoje. Não era um número aleatório. Era exatamente o número de seguidores da Crefisa, parceira do Palmeiras e rival nos negócios.

Os corintianos aceitaram o pedido e cumpriram a meta em pouco tempo. Os palmeirenses reagiram. A Crefisa soltou uma nota repetindo o bordão "verde é a cor da inveja".

Foi uma boa ação de marketing?

Uns dizem que sim. Outros dizem que, ao lançar o desafio, o BMG "acordou" a conta da Crefisa, que estava adormecida há alguns meses. O tiro teria saído pela culatra.

Um torcedor do São Paulo disse que os dois juntos (Crefisa e BMG) têm menos que a metade de seguidores que o Banco Inter, que patrocina o seu clube.

O que eu acho disso?

Uma chatice enorme. Uma bobagem que mostra o acirramento da rivalidade entre torcedores. Rivalidade? Melhor dizer ódio.

Vai lá na Crefisa e diz que é palmeirense para ver se o juro é menor. Recite o São Paulo de Telê no Banco Inter para ver se as ofertas serão melhores. E, você corintiano, mostre o gol do Basílio de 1977 para o gerente do BMG. Uma lágrima pode ser vertida, mas nada  vai mudar no seu empréstimo.

Ou, se algum deles resolver criar uma linha de credito especial para os torcedores do time que patrocina, pode ter certeza que isso será visando lucro e mais lucro. Lucro não é pecado, mas todos sabemos que os juros de banco são dignos de Mia Khalifa.

Hoje, temos torcedores brigando por patrocinador. Tem gente que rompeu com parentes porque discordaram que o diretor de futebol de seu time não é melhor que o do outro.

Torcem por banco, por gerente de futebol, por presidente, pelo número de sócios-torcedores, pelo estádio mais bonito, pela arena mais confortável e não se unem para reclamar do preço de ingressos.

Se brigam até por causa de patrocínio, o que dizer quando o assunto é realmente futebol?

Eu bloqueei vários no twitter porque, ao falar de Gustavo Oliveira, o chamavam de "filho do bêbado"? Uma pessoa que resume Sócrates à sua doença, não gosta de futebol. Ou é uma pessoa eticamente deformada.

Gustagol voltou ao Corinthians e fez um belo gol. Agradeceu a Rogério Ceni, seu ex-treinador, e foi bombardeado nas redes sociais. E antissociais, a verdade. Fontes de ódio.

Sobra para jornalista. Outro dia, alguém me cobrou porque eu, sendo são-paulino (não se de onde tirou essa informação) deveria ajudar o clube em vez de criticar.

É muita falta de conhecimento sobre o papel do jornalismo. Não sou empregado do São Paulo e não tenho obrigação de defender o clube de nada. Aliás, o São Paul nem precisa disso, não é? Meu compromisso é com o UOL, nada mais.

Tudo isso seria menos chato se fosse apenas falta de bola. O campeonato está parado e como futebol é uma doença, santa doença, é preciso algum motivo para afastar a abstinência. Mas, não. Nada disso. O caso é grave. A chatice é endêmica. Sem cura.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.