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Diogo, rei da Tailândia, abre caminho para brasileiros como Eliandro

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23/01/2019 10h22

Ganhar a Copa São Paulo. Conseguir um lugar no time principal, chegar a um grande europeu. Não um grande qualquer, Barcelona, Real ou algum inglês. Ser titular da seleção. São os sonhos de todo garoto que começa na carreira. A realidade, porém, pode ser outra. Menos glamourizada, mas também honesta e rentável, esportiva e financeiramente.

Na Tailândia, por exemplo. Tailândia, onde Diogo virou rei e referência.

Revelado pela Portuguesa, com passagens por Flamengo, Palmeiras e Olympiacos, em quatro anos, ganhou três títulos nacionais, com 101 gols marcados em 104 jogos. Duas vezes artilheiro, com mais de 30 gols marcados, algo que ninguém conquistou até hoje. Tailândia, onde foi surpreendido por um filhote de elefante na fila do restaurante. Onde comeu larva e gafanhoto no espeto. Escorpião, ele recusou.

"Estava com um amigo brasileiro na fila do restaurante do clube. Escutei um barulho estranho e achei que ele estava espirrando. Virei para trás e levei um susto enorme com o filhote de elefante. Mas a adaptação foi boa e não me arrependo nada de ter ido para o futebol tailandês", conta Diego.

Quando, em 2015, recebeu um convite, não aceitou na hora. "Tinha outras propostas do Brasil e pensei que a adaptação poderia ser difícil, mas a questão financeira pesou bem. Era muito vantajoso. Fui e não me arrependi. Foram quatro anos maravilhosos, como jogador e como pessoa. Aprendi coisas novas, me relacionei com uma nova cultura".

E a adaptação?
"Bem, eu gosto de comida apimentada e não estranhei não, mas tem uns pratos com muita pimenta e não dá para encarar não. Em campo, é difícil falar com o árbitro, então a gente tenta o inglês. O clube tem um tradutor que ajuda um pouco. Mas o mais importante é o carinho do torcedor. Eles são muito receptivos e ajudam na integração".

Agora, Diogo deu fim à sua aventura tailandesa. Volta para o Brasil? Nada disso. É o novo jogador do Johor Darul Ta'zim, o JDT, da Malásia. Foi contratado por 1,5 milhão de euros, a maior transação do futebol malaio de todos os tempos. Vai disputar competições internas como Superliga da Malásia, Copa da Malásia, Supercopa e campeonato nacional, além da Liga dos Campeões da Ásia. "O time tem alguns argentinos e um brasileiro, o zagueiro Maurício. Vou me adaptar bem e tentar repetir o que fiz na Tailândia",

Ele deixa um bom nome e o caminho aberto. Há 22 brasileiros inscritos para o próximo campeonato nacional da Tailândia. O mais famoso é Osvaldo, que jogou no São Paulo.

E há jovens, como Eliandro, em busca de um sonho. Revelado pelo Cruzeiro em 2009, com ótima passagem pelo Guarani em 2016, ele confia em muito êxito na Tailândia.

"Quero ser artilheiro do campeonato, para que o troféu continue com o nosso país, com nos últimos anos". E já que falamos em sonhos, os de Eliandro estão muito bem planejados. "Quero fazer uma ótima temporada, jogar na China, voltar para o Brasil, jogar a Série A, Libertadores e, com 38 anos, encerrar a carreira nos EUA, onde vou estudar Teologia e me formar pastor."

Aos 28 anos, no Changmai, ele é treinado por Carlos Eduardo Parreira, sobrinho do ex-técnico da seleção brasileira. "Ele explicou parapeu definir o lance rapidamente, não demorar porque elese são muito aguerridos na marcação".

A estreia será dia 23 de fevereiro. O início de uma caminhada. Se não der certo como ele planejou, talvez se encontre com Diogo na Malásia. Ou onde quer que seja, no mundo do futebol, cada vez mais globalizado.

 

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.