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Menon

AeroLeco é raio x de um clube atropelado pela História

Menon

06/02/2019 03h00

Há dez anos, um conselheiro do São Paulo evitou que eu fizesse uma besteira e cometesse um erro ético. E mostrou como é o pensamento médio de seus pares.

Eu havia lançado o livro Tricolor Celeste. Tive uma ideia de jerico e consultei o tal conselheiro. "Vai ter reunião do Conselho. O que você acha de eu montar uma banquinha e vender os livros para os conselheiros"?

Um absurdo. Jornalista não pode ter vínculo desse tipo com ninguém. Compromete a independência.

E o que me disse o conselheiro?

"Não faça isso. Vão ficar pedindo livro pra você. Não vão comprar nada. Eles adoram pedir, adoram ganhar coisas. São loucos por uma carteirinha de diretor, por um cartão de visitas com cargo de diretor adjunto de peteca".

Um retrato cruel. E verdadeiro.

O AeroLeco prova isso.

O presidente impediu que uma comissão caríssima fosse paga a um tal Jack. Comissão que seria paga por Aidar. E que era defendida por Douglas Schwartzman.

Agora, Leco, que não pagou comissão, convida Schwartzman, que defendeu a comissão. E ele aceita. Teriam sentados juntos? Trocado ideias?

Ninguém tem espinha!

O São Paulo parece aquelas etnias que vivem isoladas do mundo. Então, começam a casar entre si. Casamentos consanguíneos. Não dá certo.

São quantos conselheiros? 240?

Isolados da modernidade. Eles se bastam. Hoje estou com você, ananha você está contra mim e depois estamos todos juntos.

O amálgama, a cola que une todos é feita de carteirinhas, de agradinhos. Uma passagem em vôo fretado. Olha, podia ser menos. Um chaveiro, por exemplo. Ou um chuveiro, sei lá…

Como convidar a viajar comigo quem eu considero mau gestor do dinheiro alheio? Como aceitar o convite?!

Estes conselheiros conduzem um clube que pertence a milhões de apaixonados sem carteirinha. Conduzem mal. Muito mal. Pessimamente. São incompetentes.  Os resultados provam.

Nenhuma entidade privada lhes daria uma carteirinha. Ninguém lhes daria um vale-transporte.

No São Paulo, são passageiros do AeroLeco, que une o ontem ao anteontem.

 

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.