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Ricardo Boechat: morre um operário da notícia

Menon

11/02/2019 13h58

Ricardo Boechat morreu em queda de helicóptero. Vinha de Campinas, onde havia feito uma palestra e estava se dirigindo ao Grupo Bandeirantes de Comunicação. Ou seja, vinha do trabalho e ia para o trabalho. Morreu trabalhando. O trabalho duro na garimpagem de boas notas que municiavam sua coluna, sempre uma referência no jornalismo brasileiro.

A busca incessante por notícias foi explicitada para os primeiros jornalistas contratados pelo Diario Lance! em 1998. Ele foi um dos palestrantes e disse que pagava a suas fontes. Não sei se por notícia ou mensalmente, a memória já levou este dado. Pagava, repetiu, e disse que não tinha nada de errado. O importante era ter a notícia. Era ter a informação.

Era um jornalista completo, efetivo em todas as mídias. Pode-se discutir se era melhor no impresso, na televisão ou no rádio. Mas era bom em tudo. No rádio, onde trabalhava atualmente, era, a meu ver, brilhante. O melhor de todos. Criativo, irônico, incomodava todos os lados do espectro ideológico. O que mostra seu valor.

Acredito que todo ouvinte dele alguma vez tenha se irritado com uma opinião dele ou vibrado com outra. Eu abri um sorriso enorme, por exemplo, quando ele discutiu com o pastor Malafaia. Como argumentar com um tipo assim? Só mandando caçar uma rola mesmo.

Muita gente ficou triste com a morte de Boechat.

Muita gente ficou aliviada.

O bom jornalista é assim. Agrada pela competência e incomoda os poderosos.

E morre trabalhando.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.