Topo

Menon

Beleza é fundamental, também no futebol

Menon

11/03/2019 15h26

"As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental", disse o poetinha Vinícius de Morares, no tempo em que o politicamente correto ainda não existia e bobagens, mesmo vindas de um gênio, eram normalizadas, aceitas sem contestação. Vinícius plagiou sua própria citação, incluindo sereias. Não vou colocar a frase toda porque o blog é respeitoso e não compartilha palavrões e nem chuvas douradas em praça pública. O autor do blog sabe o que significa liturgia do cargo.

No futebol, beleza é fundamental. Não é fundamental porque é importante jogar bonito. É fundamental porque jogando bonito é mais fácil vencer. O Brasil, historicamente, é assim. Foram cinco Mundias e em todos eles o Brasil jogou melhor que os outros competidores. Eu até considero a seleção argentina de 1994 praticante de um futebol mais bonito que a brasileira. Lembram? Simeone, Redodondo e Maradona, Caniggia, Balbo e Batistura. O dopping levou. E não houve o encontro entre os dois gigantes.

O título brasileiro afastou um jejum de 24 anos. E veio após duas derrotas que traumatizaram os brasileiros. O Brasil de Telê de 82 é lembrado até hoje como um exemplo de lindo futebol. E a de 86 também jogou bem. Depois, veio 90 com o 3-5-2 de Lazzaroni. Um horror e a culpa caiu sobre Dunga. A era Dunga foi soterrada. Por três anos. Parreira, após perder para a Bolívia, recorreu novamente ao capitão Dunga. Aliás, um jogador muito bom, subavaliado e culpado por não conseguir brecar a genialidade de Maradona.

Bem, com Dunga o Brasil foi tetracampeão do Mundo. O que não havia conseguido com Telê.

Criou-se, então, a dicotomia jogar bonito ou vencer?

Foi bancada por Dunga, que jogou toda a raiva guardada por haver sido crucificado em 90 em cima da geração de 82.

A coisa criou pernas,

Quando se diz que o Palmeiras não brilhou, a resposta é: brilho fica para o Carnaval.

Murici mandou ir ao teatro quem estivesse a fim de espetáculo.Antes de seguir, gostaria de definir o que eu entendo por beleza. Não falo do brilho fugaz de carretilhas e rolinhos. Do drible pelo drible e da arte pela arte. Nada disso. Peço apenas que elencos milionários não tenham repertório mambembe.

E que se tenha um estilo de jogo próprio. E que se consiga impor esse estilo em casa ou fora dele. É algo simples, feito por times sul-americanos que nos visitam. Defensa y Justicia, Colón e Talleres eliminaram o São Paulo nos últimos tres anos. Nenhum dos três times médios argentinos jogou na retranca no Morumbi. Ao contrário. Jogaram bem postados, com troca de passes e sem complexo de inferioridade. O Guarani do Paraguai eliminou o Corinthians em Itaquera, sem retranca.

O Palmeiras e o Flamengo estrearam na Libertadores com viiórias fora de de casa. Sem nenhum brilho, sem nada novo. Uma pressão, um gol e recua a turma para apostar em contra-ataque. Deu certo. Dará certo contra adversários qualificados. Benedetto que responda. Matou um Palmeiras totalmente acovardado em Buenos Aires.

A exceção é Renato Gaúcho e seu Grêmio, que geralmente joga como Grêmio aqui, ali e acolá.

Grandes clubes brasileiros precisam jogar à altura de sua grandeza.

Jogar bonito.

Vencer.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.