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Luiz Noriega e Flávio Araújo, meus locutores favoritos

Menon

21/03/2019 19h41

O UOL esta escolhendo os maiores narradores da história do futebol brasileiro. Foi emocionante ver a lista toda. Bordões, gols inesquecíveis, a memória afetiva vindo à tona.

Tenho alguns favoritos. Um deles, Edson Leite, não está na lista, me parece. Ele narrou a Copa da Suécia. Tinha uma voz bonita. Falava assim: "O meu cronômetro maaarca.." e "Placar em Rassunda" (cidade onde o Brasil jogava). Ele narrava o "gol pra baixo", ou seja, começava alto e ia baixando.

Fiori Gigliotti era poesia junto com futebol. Gostava muito de seu programa, o Cantinho da Saudade.

Osmar Santos era a revolução. Fogo no boné do guarda, tiruliruri, titulirurá…Quando Mirandinha fez um gol na volta só futebol, após fratura na perna, ele declamou um lindo poema: "Lutar quando é fácil ceder, é minha lei, minha questão…".

Mas os meus narradores favoritos eram discretos, formais, narravam de terno. Luiz Noriega, pela TV Cultura, era  em cima do lance. Nem gritava gol. Me passava a impressão de ser bravo pessoalmente. Quando conversei com ele, uma vez, vi que não era nada disso. Uma pessoa muito cordial.

Flávio Araújo era marcante na Rádio Bandeirantes. Não tinha bordão, era sério e uma pessoa muito culta. Narrava as lutas de Eder Jofre, meu ídolo.

Minha avó me deu um rádio. Fui com ele para a escola. Queria ouvir a luta de Eder contra Masaiko Harada. De manhãzinha, na voz de Flávio Araújo. Os colegas se reuniram na quadra do Padre Geraldo Lourenço e sofremos juntos. Enforcamos aula e vimos, com a voz de Flávio Araújo, aquela derrota tão sofrida.

São meus favoritos. Gosto de todos. Um narrador de futebol é um amigo invisível.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.