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Felipão, Felipe Melo e Mattos, as vacas sagradas e o bezerro de ouro

Menon

10/04/2019 11h29

O Palmeiras tem três vacas sagradas. Três divindades que não podem ser questionadas, imagine contestadas. Criticadas? Aí já é caso de agressão.

Estou lendo, 30 anos atrasado, A Guerra do Fim do Mundo, de Mário Vargas Llosa. Estou na parte em que os habitantes de Canudos resolvem criar a Guarda Católica para proteger Antônio Conselheiro.

É assim com Felipão, Felipe Melo e Alexandre Mattos.

As vacas sagradas.

O amor mais justificável é o devotado a Scolari. Ele ganhou muito pelo clube. E saiu antes do rebaixamento de 2012. Não ficou marcado.

Representa um passado de glórias e um presente de conquistas. Quando alguém ousa dizer e o futebol, onde está, a resposta vem célere, o que importa é ser campeão, estúpido.

E a perda de um título não pesa. Mesmo sendo eliminado pelo sub-20 reforçado do São Paulo. Mesmo perdendo em casa para o Corinthians. Mesmo sendo covarde contra o San Lorenzo.

Felipão é meu pastor e nada me faltará.

A paixão que não se justifica é por Felipe Melo. Inexplicável. Não cumpriu nada do que se esperava dele. Veio para fazer a diferença, para mudar o time de patamar. Não conseguiu. Veio para, com sua raça descomunal, sua expertise em jogos duros, levar o Palmeiras a ganhar o Mundial. Libertadores, com ele, era macuco no bornal. E ele mais atrapalhou que ajudou, com expulsões bizarras e falhas incríveis, como na derrota para o Boca no ano passado.

Como explicar a sedução? O machismo ainda tem seus fãs. Mesmo que a vaca sagrada seja do tipo que dá 500 litros de leite e depois chute o balde.

A idolatria a Mattos só tem explicação neste futebol de hoje, em que torcedores brigam por causa de patrocinadores. Como se a taxa da Crefisa fosse maior para um aposentado corintiano.

Então, briga-se por tudo. Até por um dirigente de futebol. Remunerado. São os tempos modernos. Adoração a quem tem o dinheiro e não a quem joga.

Já não é vaca sagrada. É o bezerro de ouro de Arão. Não o Willian. O outro, que substituiu Moisés (o outro), enquanto subia no Morro Sinai.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.