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Menon

Cadeia é a solução

Menon

11/04/2019 11h42

A sanha punitivista está à solta no Brasil. Pega, mata, esfola. Há uma tentativa oficial de armar a população. Mesmo quando pessoas responsáveis pela segurança do cidadão não sabem se comportar com cidadania. E tome um fuzil empurrando uma estudante. E tome 80 tiros no carro de um músico. Um incidente, dizem os órgãos competentes.

Na televisão, programas popularescos comemoram CPFs cancelados. Não importam se inocentes ou não. São vidas canceladas, são famílias desamparadas, são pontos a mais na audiência. Não se discute de onde veio o criminoso, qual o seu entorno, não se busca uma polícia preventiva e o Estado não vai até as franjas da cidade. Não atua e dá espaço a quem não deveria estar lá.

Passemos ao futebol. Tudo é proibido: samba, música, batuque, bandeiras. Até pernil era. Jogo com torcida única, ruas fechadas, direito de ir e vir restritivo.

Acredito que todos os aspectos sociais devem ser pensados quando se busca a punição de alguém. Uma mulher que rouba shampoo não deve ser punida como a madame que monta uma loja famosa com contrabando.

Há casos, porém, em que tudo parece muito claro. Casos que não merecem discussão. Discuti-los sob a ótica social significa apenas jogar todos no mesmo balaio e descaracterizar os casos que realmente precisam ser julgados sob o entendimento de que país desigual e sem oportunidades é o nosso querido Brasil.

As pessoas que atacaram o ônibus do Palmeiras são bandidos. Perfeita a definição do sociólogo Felipão. Bandidos e ponto. Não há o que se discutir, de onde vieram, quais as oportunidades que não tiveram. Nada disso. Também não se deve colocar na pesa questões mundanas como o Palmeiras joga bem ou mal, o time tem coração ou não ou a Leila gasta muito porque tem outros interesses. Não, no caso não. Outra hora, sim.

Agora, está claro. Se eu vou pegar um ônibus para Aguaí e ele está atrasado, eu não posso jogar pedras em quem está dentro do ônibus. Se fizer isso, vou preso.

Então, quem faz uma tocaia e joga pedra no ônibus que está levando pessoas para o trabalho – sim, é disso que se trata e não interessa se ganham muito ou muitíssimo pelo trabalho que fazem – tem de ser preso.

Depois de preso, é preciso descobrir quem está por trás da agressão. Foram pagos para isso? Quem pagou?

A descoberta deve ser feito seguindo técnicas modernas de investigação. Nada de pé no ouvido. Nada de tortura. Nada de violência. E muito trabalho preventivo.

A prisão dos agressores devia ser ponto de honra para as autoridades.

Cadeia neles.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.