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Menon

Nós (10/70)

Menon

14/04/2019 10h08

Corra, vá assistir Nós.

Desculpem, mas não resisti ao trocadilho com os dois ótimos filmes de Jordan Peele. Trocadilho, mas o conselho é válido. O filme é ótimo.

Há muitos níveis de entendimento, muitas formas a serem exploradas, mas eu, por absoluta incapacidade intelectual, vou me restringir à mais simples: um filme de defesa do lar, do habitat.

Uma família vê sua casa invadida por estranhos e se defende com violência inesperada. Lembram de Sob o domínio do medo, de Dustin Hoffman?

Mas – e aí começam outras leituras – os invasores são muito estranhos e também muito comuns.

São réplicas da família: o pai grandalhão, a mãe frágil, a filha corredora e o filho com déficit de atenção.

Réplicas mal feitas. A mulher fala com dificuldades. O marido solta gritos e grunhidos, a filha tem um olhar abobado e o filho, em vez de usar máscara de monstro, como o original, usa máscara de pano que cobre queimaduras terríveis. E anda de quatro.

Dois pontos altos do filme mostram diálogos tensos entre as duas mulheres. Lupita Nyongo é espetacular, dialogando consigo mesma.

Uma das conversas dá margem a muitas interpretações.

Algemada no sofá, diante da invasora, ela, desesperada, pergunta:

Quem são vocês?

Nós somos americanos.

Entenderam? Me expliquem.

O mal está dentro de nós? Somos inimigos de nós mesmos? A América está tomada por monstros?

Os invasores têm tesouras como armas. Tesouras têm uma falsa simetria. É uma mensagem subliminar?

Não sei, amigos.

Não fico buscando muitas explicações não. Gosto é de sustos.

Entre tesouras e espelhos, o filme é espetacular. E com uma grande surpresa no final.

Corram!!!

 

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.