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São Paulo pode ser o Ajax brasileiro

Menon

30/04/2019 18h40

O Ajax, com David Neres, foi à Inglaterra e venceu o Tottenham de Lucas. Dois jogadores revelados em Cotia. Jogadores de estilo parecido (Lucas está diferente, mais cérebro e menos velocidade, mais meia e menos ponta).

Os dois jogadores, em momentos diferentes, renderam 55 milhões de euros ao São Paulo. Além de mais dinheiro (43 milhões de euros), Lucas rendeu também no campo esportivo. Fez 126 jogos e 33 gols, com um título, a Sul-americana de 2012. Neres, não. Foram oito jogos e três gols.

Muitos jogadores foram formados em Cotia e vendidos. Casemiro e Militão estão na seleção principal. Outros, como Boschilia e Luiz Araújo não chegarão tão longe. Renderam dinheiro.

O desafio do São Paulo é fazer com que sua interminável fábrica de jogadores seja muito mais que fonte de renda para a formação… de novos jogadores. O ciclo precisa ser interrompido com títulos.

Como o Ajax. Revela muitos jogadores. Ganha títulos nacionais. Vende os destaques. E contrata revelações de outros clubes. Como o brasileiro Neres. Como o camaronês Onana.

O São Paulo pode trilhar esse caminho. O Palmeiras e o Flamengo também, nas não precisam. Eles podem vender as revelações para contratar jogadores caros. O São Paulo não pode.

Este é o melhor momento para que o São Paulo possa imitar o Ajax. Tem quatro garotos no time de cima – Luan, Liziero, Antony e Igor Gomes – todos com contratos longos e multa alta. Tem ainda Toró, Helinho e Brenner entre os reservas, nas mesmas condições.

E, o mais importante, tem relevo para muitos deles. Rodrigo Nestor é muito mais jogador que Luan e Liziero. Muito mais técnico. Diego e Gabriel Sara são muito bons.

Então, o bom senso indica que, em pouco tempo, na hora certa e sem precipitação, os três possam assumir os postos de Jucilei, Farias e Jonathan Gómez. E, em seguida, os lugares de Liziero, Luan e Igor Gomes.

Quando? Quando forem vendidos. E serão, sem dúvida. O Ajax também vende. E compra David Neres. O São Paulo vende e compra o paraguaio Galeano (um exemplo, nem sei se é bom).

O que não pode é brecar a ascensão de garotos com a vinda de jogadores como Biro Biro, Gómez, Douglas, Aderlan e outros.

Revelar. Contratar jovens de mercados mais baratos. Usufruir. Ganhar títulos. Vender. Trocar os vendidos por novas revelações.

É o ciclo do Ajax.

Pode ser o do São Paulo.

As condições estão postas. É preciso ser muito incompetente para não fazer.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.