Topo

Menon

Hoje tem: Ceni x Cenistas

Menon

12/05/2019 11h12

Quando olho para trás, a mais antiga lembrança que tenho de mim mesmo é estar na sala da casa do avô Bacci e vó Stela, cercado por tios e, para orgulho de meu pai, recitar o ataque (cinco nomes) do campeão do ano anterior.

Há 60 anos.

O futebol já era um companheiro. Sempre estivemos juntos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença…

E nunca tive um ídolo.

Houve, sim, quatro jogadores de quem gostei muito. Por causa do que fizeram pelo meu time. Não por eles, pelo clube.

E houve Diego Armando Maradona, por quem sempre torcida fervorosamente. Por quem sofri em 94.

Diego foi meu ídolo? Com certeza, não. Basta ver o que os verdadeiros fanáticos fazem por ele. Está aí a Igreja Maradoniana, que não me deixa mentir.

Então, não tendo ídolos, fico imaginando o dilema dos que adoram Rogério Ceni acima de todos os outros.

Hoje tem São Paulo x Fortaleza. O são-paulino "normal" quer os três pontos. E ponto.

E o cenista? Quer que o jogo acabe logo para que a angústia termine. Se houver uma falta ou um pênalti, sentirá uma saudade incrível. E torcerá para que o Ceni de plantão erre.

O cenista nível 1  torcerá pelo empate. Se o São Paulo fizer um gol no último minuto e desfizer a igualdade, ele blasfemará. Praguejará.

O cenista nível 2 torcerá por…Ceni. Para ele, o São Paulo será apenas o time de Leco. Algo perdoável em outros jogos, mas não hoje. Hoje, para o cenista, quem torcer para o São Paulo, estará sendo apenas lequista.

Hoje é dia. Hoje tem. Um ídolo contra um clube. Muito fácil escolher para quem torcer. Fácil? Estou falando daqueles que, como eu, nunca tiveram um ídolo.

 

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.