Topo

Menon

Tite deixa claro que Neymar é apenas mais um

Menon

03/06/2019 13h10

A entrevista de Tite tratou de Neymar. Evidentemente. A surpresa foi o tratamento dado pelo treinador ao seu melhor jogador.

A admiração continua. Mas o paizão saiu de cena. Tite mostrou-se mais distante. E acima de Neymar.

Em relação à acusação de estupro, Tite foi perfeito. Disse que não julgaria Neymar. E não o defendeu. Não se alistou ao exército comandado por Gil Cebola. E não disse nada do tipo "é duro ser Neymar".

Tite fez muito bem em não ficar incondicionalmente ao lado de Neymar. O caso é grave. Poderia estar dando aval a um estuprador. E fez bem em não críticar. Poderia estar dando aval a uma chantagista.

O treinador falou também sobre a faixa de capitão. "Eu disse que, se precisasse tirar, tirava". E tirou. Achei muito bom. O titês foi claro. Aqui, mando eu. Mesmo contra um jogador imprescindível.

Imprescindível, mas não insubstituível. A melhor frase de Tite. Na medida, sem se alongar. Poderia dizer o óbvio. Neymar não está acima do futebol brasileiro. Nunca estará. Mas o óbvio poderia causar mais confusão ainda.

Tite, com toda a diplomacia possível, disse que Neymar é apenas mais um. O melhor de todos, mas apenas mais um. E não colocou a mão no fogo por seu ex-capitão acusado (talvez de forma injusta) de um crime asqueroso.

O treinador deu um passo à frente em uma questão que várias vezes o atrapalhou. Desde as ovelhinhas do Grêmio (Rodrigo Fabri, Luiz Mário e Ânderson Lima), até Sheik e Romarinho no Corinthians, sentia dificuldades em abrir mão de jogadores que haviam sido importantes e que já não rendiam.

Houve muitos elogios a Neymar. Mas o recado foi dado: vou contigo até um certo ponto. A partir daí, caminhe sozinho. Seu sucesso não será o meu fracasso.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.