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Oscar Tabarez, o Maestro, é muito superior a Tite

Menon

01/07/2019 14h55

O Uruguai deu um vexame contra o Peru. Amplamente favorito, não passou de um empate de 0 x 0 e foi eliminado nos pênaltis.

Perdeu uma grande chance de chegar às final, pois na semi estaria longe de Brasil e Argentina. O adversário seria o duro Chile, agora com todos os titulares, ao contrário da primeira fase. Duro, mas possível de ser batido.

O fracasso – é este o nome correto – leva a comparações com Tite. Não seríamos mais rigorosos com nosso treinador do que com o da Celeste?

Não acho. O trabalho dos dois, a curto ou longo prazo, não tem comparação. Podemos nos fixar na Copa da Rússia. O Uruguai foi melhor nos dois aspectos: classificação e desempenho.

Se formos ampliar a discussão, a vantagem de Tabarez aumenta. Há um aspecto que me é muito importante: fazer os bons jogadores atuarem juntos.

O Brasil tem Roberto Firmino, campeão da Europa e Gabriel Jesus, campeão inglês. Raramente jogam juntos. E quando jogam, não dá certo. Como agora, quando Jesus ocupa o lado direito do ataque, uma posição em que nunca, ou quase nunca, atuou.

O Uruguai tem Suárez e Cavani, dois grandes centroavantes. Tabarez escala os dois. E eles não se anulam. Ao contrário. Se complementam, se conectam, se auxiliam e fazem o parceiro jogar mais.

Na Copa de 2010, quando o Uruguai de Tabarez superou o Brasil de Dunga, eles começaram a jogar juntos. E com Forlán, o maior artilheiro uruguaio da época. E ás vezes com Loco Abreu.

Tudo começou após a expulsão de Lodeiro no primeiro jogo, empate contra a França. A dupla de ataque era Forlán e Suárez. A partir do segundo jogo, contra a África do Sul, ele recuou Forlán e lançou a dupla Suárez e Cavani.

Hoje, eles são os maiores artilheiros da história da seleção do Uruguai, seguidos por Forlán e Loco Abreu, todos sob o comando de Tabarez, que assumiu a seleção em 2006.

O Uruguai havia ficado fora dos Mundiais de 94, 98 e 2006. Então, Tabarez, que comandará a seleção em 1990, foi chamado novamente.

Comandou todo o processo de renovação da seleção principal e das categorias de base. Os resultados voltaram. A seleção foi quarta colocada no Mundial de 2017 e segunda em 2013.

Tabarez colocou novamente o Uruguai entre os melhores. Recuperou a tradição de um país vencedor. Faz com que seus jogadores rendam bem e ajudem o companheiro render.

É um trabalho impressionante. Tem o comando de tudo, mas não obriga os jogadores a se adaptarem a um modelo. Ao contrário. Suárez, Cavani e Forlán que o digam.

Não há comparação possível. Lembremos que Tite, em 2018, teve resultado pior que Felipão em 2014. E desempenho pior que Dunga em 2010.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.