Guerrero, herói inca. Patino, velho amigo
Na viagem a Porto Alegre, para ver Chile x Peru, encontrei meu amigo Patino, que não via há muito. Na fileira da frente, no mesmo vôo.
Lembramos os tempos do Paraguai, nosso time no Playball. Time dele, do Léo, do Gordo, do Aranha, Patão, Marcelo e Nicoletti. Eu atrapalhava bem.
Patino (o jeito correto de falar é Patinho) é brasileiro, filho de boliviano e paraguaia. Ele me contou um diálogo com o pai
Filho, a Bolívia está bem. Fez um gol.
Ótimo, pai. Está ganhando do Peru?
Não, o Peru fez três.
É o reflexo do amor ao futebol. Quem disse que só se pode amar ou sofrer por um time bom? Isso não é futebol. É restaurante por quilo, o de você escolhe só o que deseja.
É possível amar a Bolívia, a Portuguesa, o Zequinha, aqui de Porto Alegre, a Vila Braga de Aguaí.
E chego aos peruanos. Estão em êxtase. Depois de uma geração maravilhosa – Cubillas, Cueto (me lembra o Patinho, especialista em Sudamerica), Miffilin, Sítio, Baylon, Gallardo, Pericó Leon, Chumpitaz e outros – a seleção vagou pelo deserto por quase quatro décadas, com poucas alegrias dadas por Solano, Pizarro e Palácios – e chegou ao oásis.
Foi ao Mundial após 38 anos. E vai disputar a final da Copa América, após 44. O grande ídolo é Paolo Guerrero, saudado freneticamente pela torcida.
E que centroavante!!! Novidade nenhuma, todos já sabem. Mas é prazeroso ver a sua maturidade. Passando, dando o ritmo ao time, o Rei da Banda. Na área, tem uma amplitude enorme. Estufa o peito, abre os braços e cobre uma área de 18 metros. (Hipérbole, se me permitem).
E o gol? Mais frio que um esquimó gripado.
Guerrero é a reencarnação de Tupac Amaru.
Conduzirá o Peru para a batalha contra o grande favorito. Como o grande herói, que enfrentou os conquistadores espanhóis, será derrotado.
Não importa. Será amado e aclamado. O amor ao futebol não é exclusividade dos vencedores.
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