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O tetra da redenção que agora parece impossível

Menon

17/07/2019 16h17

Há 25 anos, o Brasil conseguiu o que parece cada vez mais difícil de repetir: terminar com o jejum de títulos em Copas do Mundo.

Desde 70, o Brasil não vencia. Ganhou em 94 com um time pragmático – Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho no meio campo – e nos pênaltis, mas ganhou.

Qual a importância disso? Na época, me parecia fundamental. Hoje, já nem tanto. Foi uma vitória que trouxe à tona uma das discussões mais idiotas e prejudiciais ao futebol brasileiro: o que é mais importante, jogar bonito como em 82 ou ganhar, como em 94? Ora, jogar bonito e bem faz a vitória ficar mais próxima.

Cobri a Copa pela A Gazeta Esportiva, juntamente com João Henrique Pugliese, Fernando Galvão de França, Sérgio Baklanos e Vital Battaglia. Minhas lembranças maiores:

Bebeto jogou muito. Muito. É um grande erro dizer que Romário ganhou sozinho.

O jogo contra os EUA foi em 4 de julho, dia da Independência. Foi impressionante perceber o patriotismo dos norte-americanos.

Depois do jogo, com alguns amigos advogados, gritamos o coro criado por um deles, o Léo: eu, eu, eu, fuck you USA.

Romário tinha arrumado uma namorada. Todo mundo procurava por ela. Anos depois, soube que estava no mesmo hotel que Paulo Taça, meu amigo de Aguaí.

Baresi jogava muito. Baggio também.

Vi o jogo Rússia 6 x 1 Camarões. Cinco gols de Salenko, recorde em Mundiais.

Antes da Copa, o Brasil fez um amistoso contra Ele Salvador. Ao final, os repórteres entraram em campo para entrevistar os jogadores. Era permitido. Fomos agredidos por policiais.

Dunga levantou a taça e desabafou, xingando os jornalistas. Muito criticado, não precisava fazer isso. Não teve grandeza alguma.

Na festa do título, cumprimentei Leonardo. Ele agradeceu e disse que não merecia. Que quase havia posto tudo a perder com sua expulsão diante dos EUA.

Na véspera da semifinal, contra a Suécia, havia uma preocupação com o jogo aéreo dos suecos. Muitos mediam mais que seis pés (1m83), medida usada na apresentação dos jogadores. Parreira brincou dizendo que confiava "no meu cinco e pouco", referindo-se a Romário.

E o Baixinho (1m67 ou cinco pés e seis polegadas), depois de errar muito, fez o único gol do jogo. De cabeça, esplendidamente bem colocados, entre dois zagueiros bem mais altos.

Raí voltou ao time nesse jogo. Não rendeu bem e ficou fora da final. Ninguém entendeu sua queda durante a Copa. Começou como titular e perdeu o lugar para Mazinho.

São pequenas lembranças de uma cobertura inesquecível. A segunda, depois da Copa América-93. A primeira com computadores e celular. Tijolões.

Ah, eu sou o mais bonito na foto.

 

 

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.