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Menon

Daniel Alves precisa ser mais que Falcão

Menon

05/08/2019 16h19

Jogador brasileiro de carreira consolidada na Europa. Nome feito na história da seleção brasileira, embora sem conquista de título mundial. Mais de 30 anos. Volta ao Brasil embora ainda tenho mercado na Europa, após negociações complicadas, para jogar no São Paulo.

Daniel Alves 2019.

Paulo Roberto Falcão 1985.

Crédito: Ernesto Rodrigues/Folhapress/ESPORTE

O Rei de Roma acertou com o São Paulo em 20 de agosto de 1985. Os jornalistas estavam no Morumbi desde as 16 horas para ouvir o anúncio do presidente Carlos Miguel Aidar. Ele disse que ainda havia algumas pendências. Na verdade, o entrave era Cristóvao Colombo, então empresário de Falcão, que optava por uma transferência para a Fiorentina, que estava perdendo Sócrates para a Ponte Preta. Um negócio feito por Luciano do Valle e que não deu em nada.

Segundo Cristóvão Colombo, a oferta da Fiorentina era três vezes maior. Falcão, entretanto, cansado de brigas com Dino Viola, então presidente da Roma, consultou a mãe, dona Azize, e optou por voltar ao Brasil. As brigas com Viola referiam-se ao tratamento de seu joelho. Falcão se tratou no EUA ao contrário do recomendado pela Roma.

O São Paulo levantou R$ 4,2 bilhões de cruzeiros para pagar os salários de Falcão. Procurei meu amigo Allan Simon e ele fez a conversão para reais, chegando a R$ 8,3 milhões de reais, o que significa  R$638 mil por mês. Acompanhe o Allan no www.allansimon.wordpress.com

É um salário alto, mesmo para os dias de hoje. O São Paulo, como faz agora com Daniel Alves, buscou parceiros para a empreitada. A agência MPM, contatada por Marcelo Portugal Gouvea, Celso Grellet e Juvenal Juvêncio, diretores na época, comandou a operação. Vendeu cotas para o BCN – Banco de Crédito Nacional -, Grupo Sears e Central Trading, cada uma pagando 100 mil dólares. A outra metade da operação ficou com a MPM, com aval de um grupo de empresários são-paulinos. Já havia negociações com o Laboratório Dorsay e o Grupo Panamericano.

A estreia foi no dia 26 de setembro. Os ingressos já traziam o nome dos patrocinadores. Uma arquibancada valia 10 mil cruzeiros, apenas R$ 17 reais nos dias de hoje.

Na estreia, Falcão chutou uma bola na trave e mostrou sua elegância em campo. O São Paulo venceu o Inter por 1 x 0. Até o final do ano, foram apenas mais 14 jogos, dois deles em 1986.

Cilinho, o então treinador, estava criando os Menudos, com Muller, Silas, Sidnei e Careca. Ele queria um meio campo com Bernardo, Pita e Silas. Talvez Márcio Araújo. Falcão, nem pensar.

Mas o Rei de Roma jogou a final do Paulista, contra a Portuguesa. Foi substituído por Freitas. Foi campeão. E deixou o futebol.

Hoje, Falcão não aceita comparações. "Eu cheguei ao São Paulo há 35 anos. É muito tempo. Não tem jeito de comparar. O Daniel é experiente, vitorioso e vai agregar muito para o São Paulo".

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.