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Aumenta a disparidade financeira entre clubes brasileiros

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08/08/2019 14h45

O texto abaixo é do advogado João Vitor Oses Aransai

Em 1987, o Clube dos 13, entidade criada com objetivo de atender os interesses comerciais dos clubes da seria A, negociou a primeira transmissão contínua de um campeonato nacional pela quantia de US$ 3,4 milhões com a Rede Globo. A partir do sucesso do campeonato na programação da TV aberta, os direitos de transmissão do campeonato brasileiro tornaram-se um objeto de cobiça entre as emissoras de TV. 

De lá para cá, o futebol se tornou fundamental na programação da TV, sendo responsável por inúmeros picos de audiência. Por outro lado, os clubes se tornaram dependentes da das receitas de televisão, e, segundo pesquisa realizada Itaú BBA em 2017, esta receita é responsável, em média, por 49% da receita total dos clubes da série A.

Até 2011, o Clube dos 13 era responsável pela comercialização dos direitos de transmissão, repassando tais direitos às emissoras de forma unificada e distribuindo o valor arrecadado aos clubes da Série A. Contudo, a entidade criou critérios para a divisão das receitas separando os clubes em 4 categorias diferentes, de acordo com a visibilidade e número de torcedores de cada clube, modo que o Grupo 1 recebia valor superior ao Grupo 2, e assim respectivamente. 

Na negociação realizada para venda dos direitos de transmissão do campeonato brasileiro do triênio 2009-201, última realizada pelo Clube dos 13, a diferença do valor repassado entre os clubes que mais recebiam, Corinthians e Flamengo (grupo 1), e os clubes que obtiveram acesso à Série A (grupo 4) naquele período, era de 30,5 milhões reais por ano. 

Insatisfeitos com os valores recebidos, Corinthians e Flamengo "encabeçaram", em 2011, a ruptura do clube dos 13, e passaram a negociar os direitos de transmissão individualmente. Após o rompimento do Clube dos 13, a diferença de arrecadação cresceu exponencialmente e no ano de 2018 chegou à R$ 147 milhões. Dessa forma, clubes como Ceará, Paraná e América-MG, em 2018, receberam apenas 13,5% da quantia recebida por Corinthians e Flamengo. 

Tais valores dizem respeito apenas à arrecadação com direitos de transmissão do campeonato brasileiro, se forem consideradas as receitas provenientes de outros campeonatos, essa disparidade financeira pode ser considerada ainda maior. 

Dessa forma, o cenário a longo prazo é preocupante, podendo resultar em um campeonato altamente polarizado entre poucos clubes. Se até hoje a diferença financeira entre os clubes não resultou em perda de competitividade no campeonato brasileiro, isso se deve exclusivamente à má gestão dos clubes de maior popularidade, que não são capazes de transformar a hegemonia financeira em soberania nos gramados. 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.