Topo

Menon

Amazônia e a triste omissão dos boleiros

Menon

23/08/2019 12h24

Um jogador do PSG fez uma publicação no twitter lamentando as queimadas no Amazonas.

O nome dele é Kylian Mbappé. Francês.

Um jogador famosíssimo, de língua portuguesa, também se manifestou sobre o assunto.

O nome dele é Cristiano Ronaldo, português da Ilha da Madeira.

Os craques brasileiros se calaram. De Neymar a Tite, de Thiago Silva Vandercleison Paulista, que joga na Malásia, todos olham de lado. Ou para o umbigo.

Calados. Como se calam diante de problemas mais corporativos, podemos dizer assim, como a triste situação dos jogadores do Figueirense, que, ainda assim, é melhor que a da grande maioria.

Os jogadores são milionários que  só pensam em si. E no que lhes pode trazer alguma vantagem. Nunca entram em dividida.

Milionários são assim. Tratam o Brasil como um cafetão trata suas meninas. Uma fonte de dinheiro, apenas.

Neymar, em abril, publicou um desenho do Quasímodo abraçando a Catedral de Notre Dame, que havia sofrido um incêndio. Pediu orações. Agora, nada.

Por quê?

Porque é mais chique? Porque ele mora lá? Porque faz ser bem aceito? Ou porque lamentar as queimadas pode soar como uma crítica ao presidente?

Na verdade, não foi apenas ele. Milhões de brasileiros fizeram a mesma coisa. Choraram baldes que poderiam ajudar a apagar o incêndio de Notre Dame e uma lágrima sequer pelo Museu Nacional ou pela Amazônia.

É difícil colocar todos no mesmo balaio, mas é possível ver um traço comum entre os jogadores brasileiros. Saem da pobreza para a riqueza em poucos anos. Com muita rapidez. A bola é o motor que leva do sonho aí feijão. Caviar. Que leva da admiração platônica ao sexo consensual ou pago.

A bola.

Só ela interessa.

O mundo, outra bola, que se lasque.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.